O
que é o Ano Litúrgico, e o Ano Civil?
Queremos
apropriarmos desse espaço, “Conversando
sobre Liturgia”, para abordarmos uma
série de assuntos, a respeito da mesma. Nessa primeira reflexão, iniciamos
escrevendo sobre o Ano Litúrgico da Igreja Católica, no rito romano, e o seu
verdadeiro sentido para a Igreja. Também de forma bem suscinta, falaremos da diferença
entre Ano Litúrgico e o Ano Civil.
Conhecemos
bem o Ano Civil, com nosso calendário gregoriano, que se inicia em 1º de
janeiro e finda em 31 de dezembro, dividido em dois semestres.
O
Ano Civil nos traz uma ideia de círculo, ou podemos até dizer, que ele é
circular e cíclico, ou seja, repete-se constantemente em suas datas. Vai
marcando a história da humanidade, sua evolução e progresso; lutas, fracassos e
conquistas. E dentro dessa história circular, o ser humano vai preenchendo-se,
e desgastando-se, geração após geração.
Queiramos
ou não, o tempo civil é inexorável, faz avançar a história à custa do
envelhecimento e do desgaste, e encomenda o fim dos seres humanos, cuja maioria
passa por ele, no anonimato.
O
Ano Litúrgico, não se identifica com o Ano Civil, nem a ele submete-se. Corre
paralelamente a ele, ao determinar todas as celebrações litúrgicas, mas não
coincide com suas datas. Tem um sentido diverso e um ritmo próprio, como se o
Ano Civil servisse apenas de pista para o Ano Litúrgico.
De
fato, o Ano Litúrgico é uma intervenção de Deus dentro da história humana.
Relembra tudo o que Deus já realizou por nós, pela salvação, e atualiza essas
ações de Deus em favor de cada geração. Mais do que construir uma história
própria, o Ano Litúrgico marca o tempo próprio de Deus dentro da história da
humanidade, sempre em busca do ser humano, para salvá-lo da destruição
inevitável que o tempo civil lhe causa. Por isso, a melhor imagem para entender
o Ano Litúrgico, não é o círculo repetitivo, mas a espiral ascendente, que
jamais repete o mesmo círculo.
Uma
espiral salvífica que parte do Alfa da criação e vai girando para o alto em
direção ao Ômega da nova criação em Cristo Ressuscitado. Assim, Deus nos salva
dentro de nossa história e nos salva da nossa história, daquilo que ela traz de
degeneração e morte.
O
Ano Litúrgico é essa espiral ascendente de salvação, que liberta o ser humano
de seu destino fatídico e o leva em direção à comunhão com a vida divina e
eterna. Por isso, cada Ano Litúrgico, mesmo celebrando as mesmas datas,
atualiza uma nova intervenção da graça redentora da Santíssima Trindade em
favor do seu povo caminhante.
O
início do Ano Litúrgico não é o 1º de janeiro, mas no 1º Domingo do Advento,
que nunca cai na mesma data do Ano Civil. E se encerra na Festa de Cristo Rei
no 34º Domingo do Tempo Comum, anterior ao Primeiro Domingo do Advento.
No próximo artigo falaremos
da estrutura do ano litúrgico e como ele é desenvolvido.
Michel
Hoguinele
hoguinelle@hotmail.com
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