4 de fevereiro de 2020

Conversando sobre liturgia - I



O que é o Ano Litúrgico, e o Ano Civil?
Queremos apropriarmos desse espaço, “Conversando sobre Liturgia”, para abordarmos uma série de assuntos, a respeito da mesma. Nessa primeira reflexão, iniciamos escrevendo sobre o Ano Litúrgico da Igreja Católica, no rito romano, e o seu verdadeiro sentido para a Igreja. Também de forma bem suscinta, falaremos da diferença entre Ano Litúrgico e o Ano Civil.
Conhecemos bem o Ano Civil, com nosso calendário gregoriano, que se inicia em 1º de janeiro e finda em 31 de dezembro, dividido em dois semestres.
O Ano Civil nos traz uma ideia de círculo, ou podemos até dizer, que ele é circular e cíclico, ou seja, repete-se constantemente em suas datas. Vai marcando a história da humanidade, sua evolução e progresso; lutas, fracassos e conquistas. E dentro dessa história circular, o ser humano vai preenchendo-se, e desgastando-se, geração após geração.
Queiramos ou não, o tempo civil é inexorável, faz avançar a história à custa do envelhecimento e do desgaste, e encomenda o fim dos seres humanos, cuja maioria passa por ele, no anonimato.
O Ano Litúrgico, não se identifica com o Ano Civil, nem a ele submete-se. Corre paralelamente a ele, ao determinar todas as celebrações litúrgicas, mas não coincide com suas datas. Tem um sentido diverso e um ritmo próprio, como se o Ano Civil servisse apenas de pista para o Ano Litúrgico.
De fato, o Ano Litúrgico é uma intervenção de Deus dentro da história humana. Relembra tudo o que Deus já realizou por nós, pela salvação, e atualiza essas ações de Deus em favor de cada geração. Mais do que construir uma história própria, o Ano Litúrgico marca o tempo próprio de Deus dentro da história da humanidade, sempre em busca do ser humano, para salvá-lo da destruição inevitável que o tempo civil lhe causa. Por isso, a melhor imagem para entender o Ano Litúrgico, não é o círculo repetitivo, mas a espiral ascendente, que jamais repete o mesmo círculo.
Uma espiral salvífica que parte do Alfa da criação e vai girando para o alto em direção ao Ômega da nova criação em Cristo Ressuscitado. Assim, Deus nos salva dentro de nossa história e nos salva da nossa história, daquilo que ela traz de degeneração e morte.
O Ano Litúrgico é essa espiral ascendente de salvação, que liberta o ser humano de seu destino fatídico e o leva em direção à comunhão com a vida divina e eterna. Por isso, cada Ano Litúrgico, mesmo celebrando as mesmas datas, atualiza uma nova intervenção da graça redentora da Santíssima Trindade em favor do seu povo caminhante.
O início do Ano Litúrgico não é o 1º de janeiro, mas no 1º Domingo do Advento, que nunca cai na mesma data do Ano Civil. E se encerra na Festa de Cristo Rei no 34º Domingo do Tempo Comum, anterior ao Primeiro Domingo do Advento.
No próximo artigo falaremos da estrutura do ano litúrgico e como ele é desenvolvido.

Michel Hoguinele
hoguinelle@hotmail.com

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