8 de novembro de 2012

Mais uma contribuição do nosso parceiro Roberto


Vamos Contar:
A HISTÓRIA DA CATEQUESE
 
No começo... isto é, nos primeiros séculos do cristianismo, a própria vida da comunidade era uma verdadeira catequese.
A história é bonita e interessante.
Com a morte de Jesus os discípulos tinham ficado amedrontados e com receio do que podia vir... Mas no dia de Pentecostes Jesus mandou seu Espírito Santo, que encheu todos eles de alegria e de coragem. Era preciso espalhar por toda parte o Evangelho de Jesus, custasse o que devia de custar, pois eles “não podiam deixar de falar das coisas que viram e ouviram” (Atos 4,20) De fato, por causa do Evangelho, começaram a ser perseguidos, presos e até mortos...
Para eles não era fácil ser cristãos.
Os primeiros cristãos se esforçavam para viver como irmãos. Eles se ajudavam muito, praticavam a justiça e chegavam até a colocar seus bens em comum.
Toda semana, de preferência no Domingo por ser este o Dia da Ressurreição de Jesus, eles se reuniam nas casas, como nós fazemos nos grupos de reflexão, para umas ceias comunitárias, mas também para celebrar a Eucaristia...
Hoje, a celebração da Eucaristia nós chamamos de MISSA, enquanto eles diziam “FRAÇÃO DO PÃO”.
O exemplo de vida dos primeiros cristãos ia despertando o desejo de conversão no pessoal ainda pagão. Para estas pessoas poder receber o batismo, então, foram se formando ESCOLAS de CATECISMO, chamadas de CATECUMENATOS.
Durante o Catecumenato, que podia ser de 2 ou 3 anos, os catecúmenos (jovens ou adultos) podiam participar até das celebrações que a comunidade fazia, mas não de todas.
Quando um grupo celebrava a Eucaristia, por exemplo, os que não eram batizados podiam ficar somente até o ofertório. Depois eram dispensados, não podendo eles participar da comunhão.
Esta maneira dos primeiros cristãos transmitirem a fé por meio da vivência e da instrução é a que hoje chamamos de INICIAÇÃO À COMUNIDADE.
Isto é, em sua catequese, os primeiros cristãos não se preocupavam tanto que os catecúmenos “soubessem” o catecismo, mas queriam que se acostumassem a viver e praticar a fé em Jesus Ressuscitado.
Tratava-se de uma catequese que era uma verdadeira: INICIAÇÃO À FÉ E À VIDA DA COMUNIDADE.
A história continua...

Roberto Magno
Comunidade Nossa Senhora de Nazaré

Joanésia-MG

5 de novembro de 2012

“A catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da pregação do Evangelho, da catequese e da liturgia, tendo como centro a celebração da eucaristia. A catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé...” (cf. DNC 233).


A relação entre párocos e catequistas


Em pesquisa recente feita com padres na arquidiocese de Belo Horizonte-MG um dado, para o presente artigo, chama atenção. Segundo a pesquisa, a Pastoral da Juventude e a Pastoral Catequética são as atividades que menos despertam interesse nos presbíteros entrevistados. Para 24,0%, a Pastoral da Juventude é a área de menor interesse e para outros 16,0%, a Catequese (cf. Formação Permanente. Diáconos e Presbíteros Ordenados Contemporaneamente. Pastoral Presbiteral – Volume 4. Arquidiocese de Belo Horizonte, 2010, pp. 86-87). Talvez se a pesquisa fosse aplicada em todo o Brasil o resultado não fosse muito diferente. Os dados merecem reflexão. Eles apontam para uma evidência: nossas igrejas estão vazias de jovens e crianças e temos maior participação de pessoas de meia idade e idosos.

Mas o que isso significa na prática, ao pensarmos em como se dá a mútua relação párocos/ catequistas? Se a catequese aparece em segundo lugar como menos preferida entre as pastorais pelos padres, logo, a relação entre párocos e catequistas terá seu prejuízo. Não é à toa que em muitos lugares a catequese funciona “à deriva” e pela boa vontade dos catequistas, nem sempre preparados. Algumas vezes os catequistas motivados por impulso missionário dão tudo de si, investem, contudo recebem migalhas de apoio de seus párocos. Frequentes são as queixas nas reuniões nos diversos âmbitos da organização da catequese na Arquidiocese. É provável que tenha caído no esquecimento dos padres o lugar essencial da catequese na vida da Igreja. Como bem lembra o Diretório Nacional de Catequese: “A catequese é um ato essencialmente eclesial. Não é uma ação particular. A Igreja se edifica a partir da pregação do Evangelho, da catequese e da liturgia, tendo como centro a celebração da eucaristia. A catequese é um processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé...” (cf. DNC 233).
 
Sendo essencial e não um ato particular, a catequese é elemento constitutivo para a vida e permanência da Igreja. Trata-se da Evangelização mesma, de modo contínuo, com o fito de que as comunidades se renovem sempre nas águas purificantes do Evangelho. A catequese não é transmissão de doutrinas, mas o lugar apaixonante da partilha e da experiência viva da Mensagem do Evangelho, no seio da Igreja. É Evangelização interna a motivar, quando de fato acontece, missionários além das fronteiras da Igreja com o ímpeto de renovar o mundo pela força transformadora da Palavra. Estranho que os padres não se motivem para isso e muitas vezes deixem a catequese abandonada.

Como em outras situações dentro da Igreja, aqui é necessário fazer exame de consciência. Torna-se imperativo reavaliar, antes de analisar a relação dos párocos com os catequistas, a relação dos ministros ordenados com o fator catequese. Importa reconhecer na catequese um espaço de criatividade, terra para deitar as sementes do Verbo. Como consequência, relacionar-se com os catequistas enquanto sujeitos da ação Evangelizadora e não como meros mantenedores burocráticos do institucional, implica “sair da cabeça” do administrador para a do evangelizador. Tal tarefa pressupõe conversão pessoal.

Sem desconsiderar o outro lado da história, os catequistas, e também os presbíteros dedicados à catequese, é preciso afirmar em tom categórico a responsabilidade primeira do pároco em criar e revitalizar sua relação com os catequistas. Nenhuma relação será efetiva frente ao desinteresse ou autoridade funcionalista e estéril, que difere da verdadeira autoridade, nascida do respeito conquistado e do compromisso enraizado no testemunho de vida e do Evangelho. Os catequistas, de sua parte, estarão fomentando essa relação quando forem perseverantes no seu empenho catequético, realizando bom trabalho pelo Reino de Deus, além de se apoiarem nas instâncias dinamizadoras da catequese em nossa Arquidiocese. A catequese não é da paróquia e sim do Reino. Quem sabe assim, com esforço, e sem picuinhas, com olhos no Cristo, os catequistas não consigam “catequizar” seus párocos.


Pe. Magno Marciete do Nascimento Oliveira
Comissão Bíblico-Catequética Arquidiocese de Belo Horizonte
01.09.2012 ( Do Catequese Hoje)