16 de agosto de 2012

Posse canônica de Dom Jeremias-Domingo 19/08 às 10 h


Trata-se da tomada de posse canônica da Diocese. O bispo não se apropria de uma Diocese, mas ela lhe é confiada. Trata-se mais de uma investidura numa função. O bispo é chamado e enviado a servir a uma porção do povo de Deus, que é a Diocese. Existe, antes, um envio. Como Jesus Cristo enviou os apóstolos para o mundo inteiro, ainda hoje na Igreja homens escolhidos por Cristo são enviados para exercer o ministério messiânico por todo o mundo. No caso dos bispos, em nome de Cristo eles são chamados e enviados pela Igreja na pessoa do Sucessor de Pedro, o Papa.
Normalmente, o novo bispo de uma Diocese toma posse ou é investido em sua função no próprio rito da ordenação. Acontece assim quando ele é ordenado bispo na sua igreja catedral. Isso vem expresso, sobretudo, pela Leitura da Carta Apostólica de sua eleição pelo Papa, o gesto de assentar-se na cátedra da catedral, onde é conduzido pelo bispo ordenante, logo após o rito sacramental da ordenação, e pela presidência da Eucaristia após sua ordenação episcopal.
É diverso o modo de proceder da Igreja, quando o novo bispo vem transferido de outra Diocese ou foi ordenado bispo em outra igreja. É este o caso de Guanhães com a chegada de Dom Jeremias Antônio de Jesus.
O rito de tomada de posse, que marca o início do exercício do múnus pastoral na sua Diocese, se chama Recepção do bispo em sua igreja catedral. Igreja catedral, porque nesta igreja está a sede, a cátedra, a cadeira de presidência, de onde o bispo exerce seu ministério pastoral.
Esta recepção se realiza no contexto de uma Missa estacional, isto é, presidida pelo bispo. Hoje em dia, já não se chama Missa pontifical, mas Missa estacional, isto é, uma Celebração Eucarística festiva presidida pelo bispo. O Cerimonial dos Bispos qualifica assim a Missa Estacional: “A manifestação mais importante da Igreja local dá-se quando o Bispo, na qualidade de sumo sacerdote do seu rebanho, celebra a Eucaristia, mormente na igreja catedral, rodeado do seu presbitério e ministros, com a plena e ativa participação de todo o povo santo de Deus. Esta Missa, chamada “estacional”, manifesta não somente a unidade da Igreja local, mas também a diversidade dos ministérios ao redor do Bispo e da sagrada Eucaristia. Para ela, portanto, se convoque o maior número possível de fiéis, nela concelebrem os presbíteros com o Bispo, desempenhem os diáconos o seu ministério, exerçam os acólitos e leitores as suas funções” (n. 119).
Queremos lembrar os elementos próprios dessa celebração, procurando o seu sentido sagrado. Eis os elementos: 1) O bispo é recebido à porta da igreja catedral pela primeira dignidade do cabido, ou, não havendo cabido, pelo reitor da mesma igreja, que apresenta o crucifixo a beijar e a seguir, o aspersório da água benta, com o qual o Bispo se asperge a si mesmo e aos presentes. 2) O bispo é conduzido à capela do Santíssimo Sacramento, que adora, de joelhos, por alguns momentos. 3) Todos se paramentam na sacristia e tem início a Missa estacional. Feita a reverência ao altar, o Bispo dirige-se para a cátedra. Terminado o canto de entrada, saúda o povo, senta-se e recebe a mitra. 4) Um dos diáconos ou um dos presbíteros concelebrantes apresenta a Carta Apostólica ao Colégio dos Consultores na presença do Chanceler da Cúria, que exara a respectiva ata. A seguir, do ambão, lê ao povo a referida Carta Apostólica. 5) Feito isto, se for costume, a primeira dignidade do cabido, ou não havendo cabido, o reitor da igreja dirige uma saudação ao Bispo. Em seguida, de acordo com os costumes locais, o cabido e pelo menos parte do clero, e alguns fiéis, e se for oportuno, a autoridade civil porventura presente, aproximam-se do seu bispo, para lhe manifestarem obediência e respeito. 6) A Missa prossegue como de costume e na homilia, após o Evangelho, o Bispo dirige pela primeira vez a palavra ao seu povo.
Uma palavra sobre cada um dos elementos apontados. Na acolhida temos o beijo à cruz, a água benta e a vista de adoração ao Santíssimo. Comemora-se aqui o múnus pastoral do bispo na Diocese.
A cruz: O bispo tem como missão viver e anunciar o Evangelho, o mistério pascal, simbolizado pela cruz do Senhor.
A água benta: Lembra e renova o batismo. O bispo tem a missão de anunciar o Evangelho, fazer discípulos de Cristo todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar tudo quanto Jesus lhes mandou (cf. Mt 28,19-20).
A adoração do Santíssimo: A Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja. Toda ação pastoral deve levar à celebração e à vida eucarística.
Ocupação da cátedra: A cátedra simboliza a Igreja particular confiada ao zelo pastoral do novo bispo. É na catedral que ele alimenta sua fé. Desta sede ele parte como bom pastor para apascentar as suas ovelhas, em sua missão profética, sacerdotal e real, conduzindo o seu povo pela pregação do Evangelho, pela presidência do culto (santificando) e como guia do povo de Deus profético, sacerdotal e real.
A Carta apostólica e a saudação: O novo bispo não vem em nome próprio, mas em nome de Cristo. Ele foi eleito e enviado a esta Igreja particular com uma missão. Por isso, o Povo de Deus da Igreja particular o acolhe, lhe presta obediência e se dispõe a colaborar com o seu ministério pastoral.
A homilia: Na homilia, após o Evangelho, o Bispo dirige pela primeira vez a palavra ao seu povo. À luz da Palavra de Deus, cria-se o primeiro vínculo de fé e de caridade entre o Bispo, os padres, os diáconos, o seminaristas, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos da Diocese, agrupados nas comunidades paroquiais. Os fiéis recolherão os motivos de preces e da grande Ação de graças que se seguem, e vão sentir-se enviados para anunciar e estender o Reino de Deus pela palavra, pela colaboração na ação pastoral e, sobretudo, pelo testemunho de vida cristã.
Se o arcebispo metropolitano introduzir o bispo em sua igreja catedral o rito é um pouco alterado. Seguirá a seguinte ordem: “Se o próprio Metropolita introduzir o Bispo em sua igreja catedral, à porta da igreja, ele apresenta o Bispo à primeira dignidade do cabido e preside à procissão de entrada. Saúda o povo na cátedra e manda que sejam apresentadas e lidas as Letras Apostólicas. Terminada sua leitura e após a aclamação do povo, o Metropolita convida o Bispo a sentar-se na cátedra. Depois o Bispo se levanta e canta-se: Glória a Deus nas alturas, segundo as rubricas” (Cerimonial dos Bispos, n. 1145).
Vivida assim, a celebração da Recepção do Bispo em sua igreja catedral será uma grande graça para a Comunidade diocesana. Compreende-se melhor o mistério da Igreja, com seus variados ministérios e funções. Consolida-se a unidade na diversidade da Igreja, compreendida pelo Concílio Vaticano II como “o povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (LG 4).
Frei Alberto Beckhäuser, OFM

Adaptação do site da Diocese de Caratinga. Disponível em: www.diocesecaratinga.org.br
Acesso em: 24/5/2011

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