O mundo dos jovens
(Trechos do livro de João Batista
Libânio)
Ø
O mundo dos jovens, não é um outro mundo, mas outra
leitura do mesmo mundo habitado pelos adultos.
A catequese terá de fazer sempre o
esforço de captar as experiências importantes para as crianças e adolescentes
de hoje. Entendê-las o melhor possível a fim de traduzir para dentro delas as
experiências religiosas e de fé que a geração anterior fez.
Ø
Nem imposição(demagogia, saudosismo do tempo passado)
nem banalização(imitação grotesca da juventude). Deve-se entender a catequese,
como diálogo. Na base do diálogo há duas verdades fundamentais. Todos
comungamos numa mesma humanidade-dado antropológico- e bebemos do mesmo
Espírito-dado teológico.
Ø
Podemos dar catequese em qualquer idade e a qualquer
idade, já que entre nós existe uma ponte de comunicação.
Ø
O outro lado da moeda é a diferença, a diversidade, a
originalidade de cada geração, de cada grupo, de cada pessoa. Aí só a atenção,
a escuta, a palavra que vai e volta. O diálogo. Trabalho experimental, ás
vezes, artesanal. A catequese não pode fugir desse momento de teste, de busca,
de ensaio, de risco, de erros e acertos.
Ø
Antes que entulhar a criança ou o adolescente com conteúdo e mandamentos, a catequese deve ser
de preferência uma “ escola de liberdade e de responsabilidade”. Só há
crescimento e educação na fé lá onde se escolhe, se decide, se assume
pessoalmente, livremente. Se os condicionamentos familiares e sociais são
fundamentais e necessários para todo ser humano, eles devem , no entanto, ser
assumidos responsavelmente com clarividência. O que Paulo Freire disse da
educação como “ prática para a liberdade”, vale também da catequese.
Ø
A imagem da construção de uma casa ajuda-nos a
entender o processo construtivo da identidade na juventude. Para edificar uma
casa necessita-se de conhecer o terreno, os materiais disponíveis, de um lado,
e , de outro, projetar a casa. Semelhante comporta-se o jovem. Ele só se
constrói explorando o terreno de si e do mundo em que vive.
Ø
Se continuarmos com a mesma catequese, que ontem foi
um avanço, podemos estar esvaziando-a totalmente por influência de uma cultura que desvaloriza
qualquer valor absoluto, qualquer compromisso com o futuro.
Não se trata, como alguns conservadores
reagem, de voltar ao tipo de catequese doutrinal do passado. Cabe dar um
salto ao passado para frente e não recuar. E este consistiria fundamentalmente
em deslocar o acento do presente para prospectivas de futuro. Valorizar as
utopias, não como confirmação de doutrinas conservadoras, mas como criadoras de
situações novas e superação do impasse do presentismo.
Ø
Não há máquina que substitua o calor humano. Não há
intensidade cibernética nem quantidade telemática que valha um sorriso ou afago
de uma mãe ou filho, amigo ou mestre. A catequese pode usar todos os recursos
que quiser da tecnociência, mas nunca poderá esquecer que a vida cristã se
funda numa Trindade comunhão de pessoas, criando-nos para a comunhão com
pessoas vivas. E Jesus quis que nossa fé se alimentasse especialmente no
interior de uma comunidade de pessoas que celebram a memória do Senhor vivo. A
catequese vai precisar colocar muito mais força na dimensão comunitária da fé
cristã. Só ela pode oferecer um mínimo de antídoto a essa onda avassalante da
tecnologia da comunicação exclusivamente eletrônica.
Ø
A catequese tem duas coisas a dizer ‘a nova geração.
Aprender a valorizar o prazeroso da experiência religiosa, mas mostrar que há
algo mais que isso na fé cristã. Há uma dimensão de entrega, de dom de si, de
disciplina que alimenta o sentido da vida. A fé sabe também agitar o horizonte
da esperança.
Ajuda a situar-se no meio desse surto
religioso que pode ser uma janela para a fé e vida de abertura a Deus, como
também uma alienação hedonista a mais. A catequese tem papel importante nesse
discernimento.
A paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Muito interessante a reflexão. Estar atento a todas essas mudanças é um grande desafio para nós, catequistas. E um dos caminhos é buscar sempre a formação!
ResponderExcluirÉ! Com certeza!
ExcluirSem formação a catequese "dança"!