14 de agosto de 2018

A música no espaço sagrado - Formação litúrgica





Em todos os tempos e lugares, homens e mulheres, de todos os meios e níveis sociais, de todas as culturas e religiões, costumam realçar, ao longo da existência, aspectos fundamentais da vida individual, familiar, social e religiosa. Levando em consideração esses aspectos, entendemos que; celebrar é parte integrante da vida humana; que é tecida de trabalhos e de festas, de horas gastas na construção e espaços destinados a usufruir seus resultados.

É a celebração nos leva à grandeza de nosso ser, e de nosso compromisso em sermos de imagens de Deus; grandeza, que corremos o perigo de esquecer nas lutas pela vida, e nas frustrações da existência. Imagens, por que se somos cristãos. E de fato, temos a obrigação de sermos exemplos, que reflitam Deus, para os outros.

Entendendo que todo esse momento, em que se evoca o fato passado para revivê-lo intensamente o nosso hoje; a celebração ocupa na vida humana, um lugar privilegiado: porque põe homens e mulheres em comunhão entre si e com Deus através dos símbolos, sinais e melodias.

 Nas celebrações religiosas sobretudo litúrgicas, há muitos objetos, gestos e atitudes especiais das pessoas: altar, cruz, luzes, toalhas, palavras e melodias que refletem a presença de Deus... E esses objetos entram na Liturgia como símbolos e sinais significativos que complementam a mesma.  Nesse sentido é que, nossa liturgia se reveste e abre espaço para as expressões de nosso povo. E assim, conseguem a participação de “todas as pessoas e da pessoa toda”.

Santo Agostinho, já dizia com convicção: “Cantar é próprio de quem ama, e que canta; reza duas vezes”. Tendo essa afirmativa como base, vemos que o cântico, quando se é bem cantado, tem o poder de nos colocar profundamente em oração e em sintonia com o mistério celebrado. E o santo, muito feliz em sua afirmativa, nos leva a entender que cantar bem e liturgicamente, é e será sempre, o eixo condutor, e explicativo de tanta preocupação com o conforto dos fiéis nas celebrações, em relação à contemplação do mistério.

 Convictos então, de toda essa mística celebrativa, jamais queiramos ser ministros de música, espelhados no trabalho do “garçom”; que apenas serve aos outros o banquete. É preciso que participemos também, ativos, de cada momento da celebração; que sentemos à mesa, e participemos do banquete ali servido. Somos sempre “convidados para a ceia do Senhor”.


E ao participar dessa Ceia, formamos um só corpo, tendo Cristo como corpo e cerne de toda a igreja, que em cada páscoa semanal se reúne para viver a liturgia, numa profunda intimidade a partir da oração, do Pão Palavra e do Pão Eucarístico.

Uma das melhores expressões da participação do povo na liturgia é a Música Litúrgica. Onde há manifestação de vida comunitária existe canto; celebra-se a vida. Por isso, no Brasil, a renovação litúrgica tem alcançado um dos seus pontos mais positivos, pela criação de uma música litúrgica em vernáculo que tem procurado corresponder ao sentimento e à alma orante do nosso povo, fazendo-o participar das funções litúrgicas de modo expressivo e autêntico. Nesse aspecto teremos a certeza de que nossa vida será de fato, uma eterna canção que seja agradável a Deus e que motive os irmãos a tomarem gosto pelo que é cantado e celebrado na sagrada Liturgia.

Referências
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB). Pastoral da música litúrgica no Brasil - 7 – 2º ed. São Paulo, SP: Paulinas, 1979.
INSTRUÇÃO GERAL SOBRE O MISSAL ROMANO – Terceira Edição – 2º ed. São Paulo: Paulinas, 2010.
GUIA LITÚRGICO PASTORAL (CNBB) – 3º ed. Brasília, DF – 2017

                                                                                       Michel Hoguinele

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