Guanhães, 12 de março de 2015
Caros
irmãos presbíteros, diácono, religiosas, consagradas, seminaristas, animadores
de comunidade, ministros da Palavra, ministros extraordinário da Sagrada
Comunhão, responsáveis pela pastoral litúrgica, grupos, agentes de pastoral e
todo o Povo de Deus da Diocese de Guanhães.
Saudações fraternas!
“Sempre e por toda a parte trazemos
em nosso corpo a morte de Jesus, a fim de que a vida de Jesus seja também
manifestada em nosso corpo”. (2Cor 4,10)
Na semana santa recordamos os
últimos acontecimentos históricos de Jesus de Nazaré. Não se trata apenas de
recordar fatos passados, mas de um memorial que deve ser atualizado pelos
fiéis. A Semana Santa é semana do encontro com o Cristo-Ressuscitado: nas
celebrações litúrgicas, na sua Palavra e na pessoa dos irmãos da comunidade.
Trata-se da celebração do Mistério
Pascal na sua globalidade, sem fragmentações, embora cada dia seja dedicado a
um dos aspectos particulares. Havia e ainda há o perigo de romper a unidade do
Mistério, separando excessivamente a celebração da morte da celebração da
ressurreição.
A liturgia da Semana Santa não é um
simples jogo de representação teatral, mas atualiza sempre o único Mistério
Pascal que não pode ser fragmentado.
Para todos nós, para todo o povo
cristão, a Semana Santa é a oportunidade para se fazer um Retiro Espiritual.
Neste retiro, a partir de Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo, somos convidados a
refletir a vida, a cruz, a morte, a ressurreição, o amor de Deus por nós, o
amor a Deus e ao próximo, o serviço, a doação, a obediência, a misericórdia, o
perdão, a Eucaristia, e a Salvação. Na liturgia aprofundamos o sentido deste
retiro na nossa vida e mergulhamos no Mistério da Salvação realizada por
Cristo.
Sem dúvida alguma, o Tríduo Pascal é o coração desta Semana
que é Santa. Não somente desta semana, mas de todo o ano litúrgico. Por isso
requer atenção e preparação especiais. “Começa com a celebração da
Quinta-Feira Santa à noite e termina com o Ofício da tarde do Domingo de
Páscoa. O ponto alto é a Vigília Pascal. Os três dias são como um desdobramento
da Celebração do Mistério central de nossa fé: o Mistério Pascal.
Na
noite da Quinta-Feira Santa celebramos a “Páscoa
da Ceia”; recordamos as palavras e os gestos de Jesus na ultima Ceia, na
qual expressou o sentido de sua vida e morte e nos mandou celebrar sempre em
sua memória.
Na Sexta- Feira Santa celebramos a “Páscoa da Cruz”, Paixão e Morte de
Jesus, o Justo; Ele foi condenado injustamente; mas entregou sua vida nas mãos
de Deus, confiando na justiça d´Ele.
No Sábado Santo fazemos memória de
sua descida à mansão dos mortos: Jesus se faz solidário conosco até em nossa
morte.
Na Vigília Pascal e no Domingo
celebramos a “Páscoa da Ressurreição”,
a vitória da vida sobre a morte”. (Ione Buyst)
01
- A Benção e a Procissão dos Ramos são inseparáveis. Onde não houver
Procissão e Celebração Eucarística, não pode haver Benção dos Ramos (cf. Diretório Litúrgico – anotações para o
Domingo de Ramos na Paixão do Senhor). A Assembleia se reúne no local, de
onde sairá em procissão. Depois da proclamação do Evangelho da entrada triunfal
de Jesus em Jerusalém, faz-se o convite à Procissão. Durante a procissão,
pode-se cantar: “Os filhos dos hebreus”; “Cristo vence, Cristo Reina”; “Hosana,
hey...” etc. Para o Domingo de
Ramos, o espaço da celebração poderá ser ornamentado com ramos (folhas de
palmeiras) e ervas medicinais. Preparar bem e com antecedência a leitura da
paixão. Se necessário ou se achar conveniente pode-se intercalar a leitura da
Paixão com algum refrão adequado. Exemplo: “Prova de amor maior não há”, “Entre
nós está”, “Deus Santo, Deus Forte”, “A morrer crucificado”, “Pai, em tuas mãos
entrego o meu Espírito”, “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?”, outros. Na procissão de Ramos, levar uma faixa
com os dizeres: “Viva Jesus, nosso Rei!”
Não se esquecer da Coleta da campanha da Fraternidade! (Dia 29 de março) O momento apropriado para cada um entregar
seu envelope é o Ofertório, que deve ser bem solenizado. Recordar a todos que
os Ramos bentos são um símbolo de vitória e de vida, e permanecerão ao longo do
ano, como sinal de esperança.
02
- PROCISSÃO DO DEPÓSITO – Acontece no Domingo de Ramos, à noite, ou na
Terça-Feira Santa, também à noite. Após a Celebração da Santa Missa, os homens
levam a imagem do Senhor dos Passos para a Capela do Cemitério ou outra, e as
mulheres levam a imagem de Nossa Senhora das Dores também para outra Capela. A
Capela que acolhe cada uma das imagens é chamada de Depósito. Essa procissão noturna se chama também de transladação. Em
algumas comunidades a imagem é velada durante toda a noite. Para as
procissões podem levar velas. Usar paramentos roxos.
03 - PROCISSÃO DO ENCONTRO – Na
Quarta-Feira Santa, à noite, as mulheres
fazem uma procissão com a Imagem de Nossa Senhora das Dores, com cantos
penitenciais, com as figuras bíblicas das “mulheres piedosas”: Verônica, que
teria enxugado o rosto ensangüentado de Jesus numa toalha, na qual ficou
estampada a sua face; Maria Madalena e outras mulheres que acompanharam a
caminhada de Jesus para o Calvário. Outra
procissão é feita só pelos homens, que carregam a imagem do Senhor dos Passos.
Cada um dos grupos realiza as três primeiras estações da Via-Sacra. Na
quarta estação os dois grupos se encontram e rezam juntos “O Encontro de Jesus
carregando a Cruz com a Sua Mãe, a Senhora das Dores”. Após rezarem juntos
a quarta estação o Pregador faz o Sermão, uma dramatização da cena, recordando
o que aconteceu na Sexta-Feira Santa. Faz um apelo à conversão, recorrendo à
dramaticidade da dor de Nossa Senhora e das Dores e sofrimentos de Jesus. O
sermão tem o costume de ser mais exortativo e até moralizante. Após o sermão, a
Verônica entoa um hino e mostra
a
toalha ensangüentada com a face de Jesus. Na procissão podem usar velas. Usar
paramentos roxos.
04
- Na missa do Crisma, dia 02 de Abril, Quinta-Feira, às 10 horas, na Sé
Catedral, os presbíteros renovam os seus compromissos sacerdotais e pastorais.
05
- Na Quinta-Feira Santa, no final da celebração, não há Procissão solene
com o Santíssimo Sacramento na Custódia ou Ostensório. O Tabernáculo deve estar
vazio no início da Celebração e serem consagradas partículas para a própria
Celebração e para a Comunhão na Sexta-Feira Santa. A reserva Eucarística (que
servirá para a comunhão dos fiéis na Solene Ação Litúrgica na Celebração da
Paixão do Senhor) deve ser transportada numa âmbula maior coberta pelo véu
umeral usado pelo sacerdote na transladação, ate o local (Capela, Salão...)
devidamente ornado, para a reposição. Onde houver a Urna, usada antigamente, a
reposição da âmbula com as espécies consagradas, seja efetuada na mesma. No
lugar da Urna, pode ser usado um sacrário maior. Onde não for possível nem
Urna e nem sacrário maior, a âmbula com a reserva Eucarística permaneça coberta
com um véu (conopeu) como é costume em nossas paróquias. Neste dia não há
exposição solene do Santíssimo Sacramento.
Os fieis sejam exortados a fazer
pelo menos uma hora de vigília, na Quinta-Feira, após a celebração da Ceia do
Senhor, ou na Sexta-Feira pela manhã, em profunda comunhão com o Senhor em sua
Paixão. Vale ressaltar que não se trata de Adoração, mas de Vigília. Jesus nos
convida a vigiar com Ele. Na Quinta-Feira Santa Voltam as flores e a cor
branca ao espaço celebrativo. O ambão pode ser ornamentado com a menorah e com
flores. Usar incenso com abundância. O comovente rito do Lava-pés seja bem
apresentado, com uma exortação à comunidade para que se dedique ao serviço dos
mais necessitados.
06
- A cor usada na Solene Ação Litúrgica na Sexta-Feira Santa, às 15h, é a vermelha,
ressaltando a realeza e o martírio de Jesus. Lembrar de fazer a Coleta para os Lugares Santos. Valorizar a
procissão da Sexta-Feira Santa, com a imagem do Senhor Morto e da Virgem das
Dores. A referida procissão está no coração do povo cristão católico e
constitui-se numa oportunidade singular para evangelização sobre o significado
do sofrimento, da morte e da vitória de Jesus. Com Ele caminhamos, com Ele
morremos e com Ele ressuscitaremos. Onde não for possível Procissão,
organize-se uma Via-Sacra ou uma Celebração Penitencial. Para a Procissão, Via-Sacra ou outra Celebração, a cor é a roxa.
07 - SERMÃO DAS SETE
PALAVRAS E PROCISSÃO DO SENHOR MORTO – Acontece na Sexta-Feira Santa. Prepara-se um Calvário, com o Senhor
Crucificado, acompanhado de algumas figuras bíblicas: Nossa Senhora das Dores,
Maria Madalena, Verônica, as mulheres de Jerusalém (Beús), São João Apóstolo,
Abraão e Isaac com um feixe de lenha e Moisés com as Tábuas da Lei
representando o Antigo Testamento. O Pregador representa de forma dramática a
Morte de Jesus, fazendo alusão às suas sete últimas palavras. Alguns
personagens representando os discípulos ajudam a tirar o crucificado da cruz,
após a pregação que o sacerdote faz para cada gesto da descida da cruz.
Tiram-se a coroa de espinhos, os cravos, os braços e depois o corpo. As
personagens que despregam o crucificado têm o costume de se vestir de soldado
romano ou usam uma túnica com um capuz na cabeça. Após o sermão da descida da
cruz, também chamado de Sermão do
Descendimento, a imagem do Senhor Morto pode ser colocado no colo de uma
jovem vestida de Maria, que pode entoar um canto dramático, acariciando o Filho
morto. Em seguida a imagem é colocada num esquife funerário. Em silêncio e, com
muita dor e piedade, é acompanhado em procissão pelas pessoas. Usam-se matracas
e entoam-se cantos de dor e piedade. É costume também o acompanhamento de uma
banda que executa músicas fúnebres. Há ainda o costume de se beijar o Senhor
Morto após a chegada à Igreja, com clima de piedade, tristeza e meditação.
Alguns fazendeiros não tiram leite. nesse
dia ou, quando tiram, dão para os pobres ou para uma instituição de caridade:
asilo, creche ou orfanato.
08
- SUGESTÃO DE ESQUEMA PARA O SERMÃO
DAS SETE PALAVRAS:
AS SETE PALAVRAS DE
CRISTO NA CRUZ
I – Comentarista: Boa noite a todos!
Irmãos
e irmãs em Cristo! Sejam todos bem vindos!
Estamos reunidos para refletir e
meditar as últimas Palavras de Cristo na Cruz. Estamos todos, desde às 15
horas, celebrando a Paixão e a Morte d’Aquele que se sacrificou por nós para
nos conduzir ao Pai. Suas últimas Palavras no alto da Cruz sintetizam tudo o
que Ele viveu e ensinou enquanto esteve conosco. Deixemos que suas Palavras,
uma a uma, toquem profundamente os nossos corações. Como nosso Mestre, Ele
anuncia sua última mensagem, mais com o coração do que com a voz já por se
extinguir.
Acolhamos o Pregador e toda a sua
equipe, cantando.
(Entram sete homens vestidos de preto
trazendo cada um uma vela grande que será colocada num candelabro – menorah - ou
em uma mesa. No cenário devem estar sete flâmulas roxas, com as Palavras de
Cristo. As flâmulas devem estar enroladas, de modo que possam cair ou embaixo,
de modo que possam ser levantadas. Cada Palavra que é anunciada pelo Pregador
um homens se levanta, apaga uma vela e solta ou levanta a flâmula referente
aquela palavra.
II – Canto de Entrada
III – Pregador -
Acolhida
IV - Pregador: 1ª Palavra de Cristo na Cruz: “Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que
fazem”. (Lc 23,34)
O
1º homem dirige-se ao candelabro ou à mesa e apaga a primeira vela
Depois
se dirige à flâmula para soltá-la ou levantá-la
O
pregador convida a ficarem de joelhos, se for possível
O
coral entoa um canto referente à Primeira Palavra
O
pregador, após o canto convida a ficarem de pé, se já não estiverem
O
Pregador faz a Reflexão sobre a primeira Palavra. Reza um Pai- Nosso e uma
Ave-Maria. Após, já anuncia a Segunda Palavra e repete-se o esquema, e assim
sucessivamente.
(O
esquema se repete a cada Palavra de Cristo na Cruz)
V
– Pregador: 2ª
Palavra de Cristo na Cruz:
“Jesus lhe respondeu: Em verdade eu te
digo: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. ( Lc 23,43)
VII – Pregador: 4ª
Palavra
de Cristo na Cruz:
“Pelas três horas da tarde, Jesus gritou
com voz forte: Eloi, Eloi, lama sabachitani, que quer dizer: Meu Deus, meu
Deus, por que me abandonaste?”
VIII – Pregador: 5ª
Palavra
de Cristo na Cruz:
Depois disso, Jesus, sabendo que tudo
estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse. Tenho
sede”. (Jo 19, 28)
IX – Pregador: 6ª
Palavra
de Cristo na Cruz:
“Ele tomou o vinagre e disse: Tudo está
consumado”. (Jo 19,30)
X – Pregador: 7ª
Palavra
de Cristo na Cruz:
“E Jesus deu um forte grito: Pai, em
Tuas mãos entrego o meu Espírito”. (Lc 23,46)
XI – Entrada dos
personagens bíblicos que irão compor o Calvário: Pessoas vestidas a caráter
conforme o item anterior.
Canto ou trilha sonora
XII – Quando todos
os personagens estiverem olhando para a Cruz o Pregador faz o Sermão do
Descendimento do
Cristo da Cruz.
Canto ou trilha sonora
XIII – Reflexão
sobre o corpo e a morte
XIV – Canto da Verônica
XV - Procissão
Banda ou trilha sonora
(Os cantos devem corresponder à Palavra
que será meditada)
09
- Preparar o espaço celebrativo para a solene Vigília Pascal – “Mãe de todas as
Vigílias”. O Círio Pascal ornamentado deve permanecer junto ao ambão e ser
acesso em todas as celebrações do tempo pascal, apagado solenemente na Missa
Vespertina do Domingo de Pentecostes, levado para junto da Pia Batismal e ser
acesso para as Celebrações do Batismo e da Crisma.
10
- O Tríduo Pascal constitui-se numa unidade; tem início com a solene Missa
Vespertina da Ceia do Senhor, como centro a Vigília Pascal, e encerra-se com as
Vésperas do Domingo da Ressurreição. Na comunidade onde houver a Celebração da
ceia do Senhor, deve haver a solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor e a
Vigília Pascal. Os ministros leigos da Palavra e do Culto, nas suas respectivas
comunidades, com a anuência do pároco ou do administrador paroquial, podem
realizar o Tríduo Pascal, com as adaptações litúrgicas necessárias. 11 - No tempo da Páscoa, para a Benção
final, usar as orações sobre o povo e as Bênçãos próprias do tempo litúrgico
(cf. Missal Romano pp. 522-524)
12
- Os livros “Vivendo a Semana Santa”, da editora Santuário e “Liturgia –
Sugestões para dinamizar as Celebrações”, de José Carlos Pereira, Vozes, trazem
ótimas contribuições para nós, Ministros Ordenados, e também para as equipes de
liturgia. Aproveitem! Lembrar que o melhor instrumento é o Missal Romano com suas orientações e rubricas.
Na
alegria do Cristo Ressuscitado, desejo a todos uma Santa Semana Santa e uma
Feliz Páscoa.
Que o Bom Deus abençoe a todos!
Dom Jeremias Antonio de Jesus
Bispo Diocesano
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