Talvez você seja catequista, ou líder
comunitário, ou talvez simplesmente pai, mãe, madrinha de alguma criança,
adolescente ou jovem. Se você tiver alguma responsabilidade pela fé de alguém,
provavelmente já se terá feito essa pergunta: o que ensinar?
Há pais meio apavorados, reclamando
que seu filho, a ponto de fazer a primeira Eucaristia, não conhece os Dez
mandamentos, não sabe rezar a Salve Rainha e mal mal o Pai-Nosso. “Mas... o que
ensinam estes catequistas de hoje?” É como se, nas nossas paróquias, já não
preocupasse tanto o ensino da fé católica. Mas não é assim.
Para começar, a educação religiosa
não é só coisa dos catequistas. Se a criança não sabe rezar o terço
seguramente, é porque nunca o escutou na sua casa. Duvidamos que o catequista
tenha a oportunidade de fazê-lo em meio a uma turma com vontade de bagunçar!
Não só os voluntários da paróquia são responsáveis pelas orações mal-aprendidas
ou sem aprender. Geralmente, eles têm uma hora semanal, provavelmente roubada
de sua família ou de seu descanso, para repartir com outras muitas crianças.
Porém, pais e padrinhos têm o espaço de sua casa e uma vida inteira. Eles,
também, têm o espaço de sua casa e uma vida inteira. Eles, também, têm a
ferramenta do exemplo, da vida e da rotina compartilhadas, assim como o amor
natural da relação em família.
Precisamos ensinar o que é a nossa
fé. É fé no Deus vivo, que oferece e pede relação. Precisamos ensinar a rezar,
porque a oração é esse espaço para o diálogo. As orações são importantes; enquanto
a criança não tem ainda suficiente raciocínio,servirão como “conversa mecânica”
e inconsciente, decorada e repetida;seu sentido é dar palavras a quem não as
tem ainda e estreitar o laço desse menino ou menina com a Igreja. Mas se com o
passar do tempo não levamos nossos menores a recriar essa palavra, a inventar o
diálogo, a pôr nessas frases o que a pessoa vai sendo no seu crescimento...para
nada servirão fórmulas repetidas, que cedo ou tarde serão abandonadas por serem
sem sentido.
É importante ensinar o credo de
nossa Igreja, mas é mais importante também ensinar o que nos diferencia das
outras, não nas palavras ou doutrinas, mas na sua maneira de ser e fazer
comunidade, de agir na sociedade e olhar para o irmão. É bom saber de cor o ato
de contrição, mas é imprescindível conhecer o amor e adquirir a capacidade de
reconhecer o erro e o pecado, pedir perdão e perdoar. É importante rezar a
Ave-Maria, mas é necessário saber que a generosidade e a inocência dessa mulher
lhe converteram em parceira de Deus, em sua Mãe, cujo exemplo podemos seguir, e
é bom que o façamos. É importantíssimo ensinar a rezar o pai-Nosso, mas temos
que demonstrar que esse Pai-Nosso nos une à família de cristãos, nossos irmãos,
e nos exige a partilha e o perdão incondicionais.
Ensine que a Igreja Católica diz,
mas, acima de tudo, ensine o que o cristão católico é. Sem dúvida, todo o mundo
faz o melhor possível e, no entanto, nem sempre se vê claramente o resultado
desse esforço.
Esse texto merece ser bem meditado...
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