16 de agosto de 2018

Teografia - Neusa Maria Dias Nascimento de Peçanha


Sou  casada, tenho dois filhos e sou catequista.
Descrevo aqui um pouco da minha vida em Cristo. Como senti e sinto a presença desse Deus Misericordioso que fez e faz maravilhas em mim. Assim diz o Senhor: “ Pois és muito preciosa para mim, e mesmo que seja alto, a teu preço, é a ti que eu quero; entrego nações para te conquistar! Não tenhas medo, estou contigo! Is 43. 4...Como não me apaixonar...
                A minha infância eu a passei em Santo Antônio dos Araújos, pequeno vilarejo de São Sebastião do Maranhão. A minha primeira catequista foi minha mãe que muito me educou na fé. Meus pais católicos fervorosos, muito nos ensinou a seguir, amar a Jesus e ao próximo. Minha mãe hospedava todos os padres e até os bispos, lembro de Dom Geraldo. Para nós, era motivo de muita alegria, comidinhas gostosas, docinhos e muito mais.
                 Lembro-me muito bem dos terços diários, éramos 12 e todos nós ajoelhávamos ao redor da cama para rezar com meus pais e não podia ter cochilos, que logo meu pai, com autoridade e carinho dizia: acorda fulano! Confesso que às vezes,batia aquela preguicinha, vontade de continuar aquela brincadeira com os colegas, porém a reza do terço era momento sagrado. Meus pais nos levavam à missa, novenas, quermesses, coroações, procissões etc.
                Cresci, saí para estudar e a fé esfriou um pouco. Ia à missa aos domingos, grupos de jovens, mas já não era prioridade,pois tinha outros objetivos e pensava que seguiria meus caminhos sem Cristo. Sentia-O  distante. Me formei e comecei a trabalhar e vejam só: com Ensino Religioso, Jesus se fazendo presente e foram dois anos. Tínhamos a missa com as crianças, coroações. Senti-me um pouco só, as outras colegas não acolhiam, não sentiam necessidade de estar conosco, nos apoiando. Com certeza, Jesus e Maria, sim, presentes em todos os momentos.
                Os tempos foram passando, vieram os namoros e o casamento. Tive dois filhos, bênçãos de Deus, Plínio e Jefferson. Jefferson especial, maior prova de amor para comigo e meu marido Cloves. As cruzes vieram, muitas... mas em todas elas, Deus caminhava comigo.
                Em 1999, mudei-me aqui para Peçanha, precisava colocar Jefferson na APAE, minha cidade não tinha e ele precisava de cuidados especiais, específicos. Transmitia para eles o que aprendi na minha infância com meus pais. A importância de ter Jesus em nossa vida, nos orientando, formando e cuidando.
                 Em 2004, aconteceu a maior prova de Deus na minha vida, uma cruz difícil de carregar, se eu estivesse só. Levei Jefferson para fazer um tratamento de dente, que precisava de anestesia geral, no hospital em Belo Horizonte. Aconteceu o inesperado: Meu filho sofreu uma parada cardiorrespiratória, ficou no CTI e muitas complicações vieram, foram meses de sofrimento, angústia, esperas e muita oração. Quem me segurou foi Deus com seu amor de Pai e Maria que me colocou no colo, não só a mim, mas a toda minha família. Foram momentos de muita oração e solidariedade de amigos. Ali formávamos uma grande família, muitas mães passando também por sofrimento colocando seus filhos nas mãos de Deus.
                Rezávamos o terço pertinho de Jefferson todos os dias. Quando ele piorava a capela era nosso refúgio, ali nos entregávamos no colo do Pai. Jefferson partiu para junto de Deus, mas as orações nos deram forças. Eu Senti o acolhimento de Maria que me abraçava em cada irmão e Jesus pedia de volta o seu filhinho, de agora em diante ele cuidaria. Entendi e aceitei. Foi muito doloroso, tive meu luto, mas não perdi a fé! Fortaleceu ainda mais.
                 Trabalhei,orei pela vida, presente de Deus. Gratidão ao meu supremo Deus! Passou o tempo, fui presenteada por uma neta, Emilly. Até que uma amiga, Maria,uma catequista, convidou-me para a catequese e eu aceitei o convite e aqui estou.  Com ela aprendi muito, a minha  gratidão. Em nossos encontros fui procurando me aperfeiçoar, me formar, para anunciar a muitos a Palavra de Deus.
                Continuo aprendendo muito com  pessoas maravilhosas, nos tornamos uma grande família em Cristo, apoiando um ao outro. Hoje sou apaixonada por Cristo, nosso supremo Deus. Seguirei na certeza de que nunca estarei só, vou estar atenta para ouvir os passos de Jesus ao meu lado, ouvi-lo na sua Palavra, até encontrá-lo.
                E como dizia o  profeta Isaías: “ o Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou-me para levar a boa nova aos pobres, para curar os de coração aflito, anunciar aos cativos a libertação!
Então digo: Eis-me aqui Senhor, usa-me!

14 de agosto de 2018

A música no espaço sagrado - Formação litúrgica





Em todos os tempos e lugares, homens e mulheres, de todos os meios e níveis sociais, de todas as culturas e religiões, costumam realçar, ao longo da existência, aspectos fundamentais da vida individual, familiar, social e religiosa. Levando em consideração esses aspectos, entendemos que; celebrar é parte integrante da vida humana; que é tecida de trabalhos e de festas, de horas gastas na construção e espaços destinados a usufruir seus resultados.

É a celebração nos leva à grandeza de nosso ser, e de nosso compromisso em sermos de imagens de Deus; grandeza, que corremos o perigo de esquecer nas lutas pela vida, e nas frustrações da existência. Imagens, por que se somos cristãos. E de fato, temos a obrigação de sermos exemplos, que reflitam Deus, para os outros.

Entendendo que todo esse momento, em que se evoca o fato passado para revivê-lo intensamente o nosso hoje; a celebração ocupa na vida humana, um lugar privilegiado: porque põe homens e mulheres em comunhão entre si e com Deus através dos símbolos, sinais e melodias.

 Nas celebrações religiosas sobretudo litúrgicas, há muitos objetos, gestos e atitudes especiais das pessoas: altar, cruz, luzes, toalhas, palavras e melodias que refletem a presença de Deus... E esses objetos entram na Liturgia como símbolos e sinais significativos que complementam a mesma.  Nesse sentido é que, nossa liturgia se reveste e abre espaço para as expressões de nosso povo. E assim, conseguem a participação de “todas as pessoas e da pessoa toda”.

Santo Agostinho, já dizia com convicção: “Cantar é próprio de quem ama, e que canta; reza duas vezes”. Tendo essa afirmativa como base, vemos que o cântico, quando se é bem cantado, tem o poder de nos colocar profundamente em oração e em sintonia com o mistério celebrado. E o santo, muito feliz em sua afirmativa, nos leva a entender que cantar bem e liturgicamente, é e será sempre, o eixo condutor, e explicativo de tanta preocupação com o conforto dos fiéis nas celebrações, em relação à contemplação do mistério.

 Convictos então, de toda essa mística celebrativa, jamais queiramos ser ministros de música, espelhados no trabalho do “garçom”; que apenas serve aos outros o banquete. É preciso que participemos também, ativos, de cada momento da celebração; que sentemos à mesa, e participemos do banquete ali servido. Somos sempre “convidados para a ceia do Senhor”.


E ao participar dessa Ceia, formamos um só corpo, tendo Cristo como corpo e cerne de toda a igreja, que em cada páscoa semanal se reúne para viver a liturgia, numa profunda intimidade a partir da oração, do Pão Palavra e do Pão Eucarístico.

Uma das melhores expressões da participação do povo na liturgia é a Música Litúrgica. Onde há manifestação de vida comunitária existe canto; celebra-se a vida. Por isso, no Brasil, a renovação litúrgica tem alcançado um dos seus pontos mais positivos, pela criação de uma música litúrgica em vernáculo que tem procurado corresponder ao sentimento e à alma orante do nosso povo, fazendo-o participar das funções litúrgicas de modo expressivo e autêntico. Nesse aspecto teremos a certeza de que nossa vida será de fato, uma eterna canção que seja agradável a Deus e que motive os irmãos a tomarem gosto pelo que é cantado e celebrado na sagrada Liturgia.

Referências
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB). Pastoral da música litúrgica no Brasil - 7 – 2º ed. São Paulo, SP: Paulinas, 1979.
INSTRUÇÃO GERAL SOBRE O MISSAL ROMANO – Terceira Edição – 2º ed. São Paulo: Paulinas, 2010.
GUIA LITÚRGICO PASTORAL (CNBB) – 3º ed. Brasília, DF – 2017

                                                                                       Michel Hoguinele

12 de agosto de 2018

Uma reflexão para todos os pais. 

Relato pessoal 

"Eu tinha apenas oito anos no domingo que meu pai pegou Diogo,Fafá,Inêz,mãe,e eu e nos levou num rio lá no Rio Pardo* para passarmos o dia! Nas costas,ele carregava um barco de pita que ajudamos ele a fazer no dia anterior. Inêz tinha apenas dois meses e assim que chegamos,a primeira coisa a ser feita foi uma cabana improvisada de gravetos e lençol para que ela não tomasse tanto sol. Éramos só nós seis ali...lugar deserto,no meio do mato,família reunida,sem muitos lanches e sem riqueza(tinha a riqueza da natureza claro) Passamos o dia todo ali,e poderia ter sido um dia comum da nossa infância se não tivesse se tornado o dia mais feliz da minha vida. Sempre que falam de infância,é esse dia que me vem na memória. Naquele dia,pai foi meu herói mais que em qualquer outro dia. Confiei nele,subi naquele barco e fui até a parte mais funda do poço. Depois de adulta,fico pensando que talvez aquele dia tenha transformado a minha vida e me ensinado a dar valor às coisas mais simples...talvez...Hoje nosso pai não tá mais aqui, e estou escrevendo não para fazer uma homenagem póstuma,mas pra dizer que os melhores heróis não usam capa,as coisas mais simples são as que nos deixam mais feliz,e que todos os pais deveriam tirar pelo menos um dia pra fazer a diferença na vida dos seus filhos! Feliz dia dos pais! Ao meu velho, fiz uma oração e onde quer que ele esteja sei que também se lembra do dia do barquinho de pita!" -

Meire Vaduem da Cruz
Reside hoje em Carapicuíba / SP

*Rio Pardo: Localidade situada no distrito de São João da Chapada, município de Diamantina, Vale Jequitinhonha /MG