8 de fevereiro de 2020

Elementos para a Celebração Catequética

Elementos importantes para a Preparação e Realização da Celebração Catequética
Apresento, a partir desse artigo, algumas dicas de como preparar e realizar bem uma celebração catequética. Não são receitas prontas e infalíveis, até porque elas não existem. Contento-me em partilhar algumas experiências que têm dado certo em inúmeras comunidades, o que serve de base para que cada catequista possa elaborar suas próprias celebrações, a partir do perfil de sua comunidade e do grupo de catequizandos. 
Antes, porém, de partilharmos essas vivências, faz-se necessário elencar alguns elementos a serem considerados no momento de preparar uma celebração catequética. 
O que e quando celebrar? 
Se celebrar é “tornar célebres” os acontecimentos da vida, referindo-os à imensa bondade de Deus, é certo que tudo o que se passa na nossa existência é motivo de celebração. Naturalmente, alguns acontecimentos são menos significativos e outros mais. Nem tudo merece a mesma atenção ou valorização, ainda que tudo seja vida e nada escape ao coração de Deus. A própria experiência das pessoas e dos grupos vai apontando para certos eventos que precisam ser celebrados, sejam eles alegres ou tristes, vivências de calvário ou de ressurreição. Nessa hora, o bom senso e o discernimento do catequista funcionarão como antena a captar os fatos do cotidiano que serão levados para a celebração.
ssim, a partir do contexto de cada grupo, surgirão ocasiões importantes para uma Catequese celebrativa. Fatos como o nascimento ou morte de alguém; as pequenas e grandes conquistas de pessoas e da própria comunidade; a memória das testemunhas da fé – especialmente os padroeiros!-; os principais momentos do ano litúrgico; os temas mais fortes dos encontros catequéticos; valores importantes da convivência, como a partilha, o perdão, a paz, a solidariedade, a amizade, o amor; tudo isso pode ser traduzido em bonitas celebrações... O importante é não deixar que essas ocasiões passem despercebidas! 
Celebrar “a” catequese 
Mais que “celebrar na Catequese”, precisamos “celebrar a Catequese”, isto é, celebrar a caminhada de crescimento na fé, no amor, na esperança, na construção do Reino de Deus. Para isso, é necessário superar uma visão um tanto quanto superficial da oração, muitas vezes reduzida a um apêndice da catequese e da vida.
Orar não é simplesmente recitar fórmulas, num ritualismo vazio e enfadonho. As orações oficiais da Igreja (Pai-nosso, Ave-Maria, Creio, Vinde Espírito Santo, etc), surgiram de contextos de profunda espiritualidade e vivências de fé. Historicamente, percorreram estradas longas e difíceis, desde a inspiração bíblica até sua formulação, e não podem ser reduzidas a simples textos decorativos. Elas são oração, levam à oração, desde que inseridas num contexto de fé e de vida mais profundos. Não se prestam a meras repetições, muitas vezes desprovidas de sentido.
A oração, o que estamos chamando aqui de celebração, é muito mais do que recitar palavras no começo ou no final do encontro catequético. Ela perpassa todo o encontro, pode estar presente nos símbolos usados, na Palavra proclamada, nas canções entoadas com fé, nos gestos concretos que brotam da aplicação do tema à vida... No entanto, isso não acontece ao acaso, mas de maneira bem pensada e preparada pelo catequista. 
Pe. Vanildo Paiva
Mestrando em Psicologia e especialista em Liturgia e Catequese

Ver tudo com os olhos da fé

Catequese sobre os Atos dos Apóstolos - 18
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Na leitura dos Atos dos Apóstolos, continua o caminho do Evangelho no mundo e o testemunho de São Paulo é cada vez mais marcado pelo selo do sofrimento. Mas isto é algo que cresce com o tempo na vida de Paulo. Paulo não é apenas o fervoroso evangelizador, o intrépido missionário entre os pagãos, que dá vida a novas comunidades cristãs, mas também a testemunha sofredora do Ressuscitado (cf. At 9, 15-16).
A chegada do Apóstolo a Jerusalém, descrita no capítulo 21 dos Atos, provocou um ódio feroz contra ele, reprovando-o: «Mas este era um perseguidor! Não confieis!». Como foi para Jesus, também para ele Jerusalém é a cidade hostil. Ele foi ao templo, foi reconhecido, foi levado para ser linchado e foi salvo in extremis pelos soldados romanos. Acusado de ensinar contra a Lei e contra o templo, ele é preso e começa a sua peregrinação como prisioneiro, primeiro diante do sinédrio, depois diante do procurador romano em Cesareia e, por fim, diante do rei Agripa. Lucas destaca a semelhança entre Paulo e Jesus, ambos odiados pelos seus adversários, publicamente acusados e reconhecidos como inocentes pelas autoridades imperiais; e assim Paulo é associado à paixão do seu Mestre, e a sua paixão torna-se um evangelho vivo. Venho da Basílica de São Pedro e lá tive a minha primeira audiência, esta manhã, com os peregrinos ucranianos, de uma diocese ucraniana. Quão perseguidas foram estas pessoas, quanto sofreram pelo Evangelho! Mas eles não negociaram a fé. São um exemplo. Hoje, no mundo, na Europa, muitos cristãos são perseguidos e dão a vida pela sua fé, ou são perseguidos com luvas brancas, isto é, deixados de lado, marginalizados... O martírio é o ar da vida de um cristão, de uma comunidade cristã. Haverá sempre mártires entre nós: este é o sinal de que estamos a seguir o caminho de Jesus. É uma bênção do Senhor, para que haja entre o povo de Deus, alguém que dá este testemunho de martírio.
Paulo é chamado a defender-se das acusações e, no final, na presença do rei Agripa II, a sua apologia transforma-se num testemunho eficaz de fé (cf. At 26, 1-23).
Depois Paulo fala da sua conversão: Cristo ressuscitado tornou-o cristão e confiou-lhe a missão entre as nações, «para lhes abrires os olhos e fazê-los passar das trevas à luz, e da sujeição de Satanás para Deus. Alcançarão, assim, o perdão dos seus pecados e a parte que lhes cabe na herança, juntamente com os santificados pela fé» em Cristo (v. 18). Paulo obedeceu a este encargo e mais não fez do que mostrar como os profetas e Moisés predisseram o que ele agora anuncia: «que o Messias tinha de sofrer e que, sendo o primeiro a ressuscitar de entre os mortos, anunciaria a luz ao povo e aos pagãos» (v. 23). O testemunho apaixonado de Paulo comove o coração do rei Agripa, a quem falta apenas o passo decisivo. Então o rei diz: «Por pouco não me persuades a fazer-me cristão!» (v. 28). Paulo é declarado inocente, mas não pode ser libertado porque ele apelou para César. Assim continua a viagem imparável da Palavra de Deus para Roma. Paulo, acorrentado, acaba por chegar aqui a Roma.
A partir deste momento, o retrato de Paulo é o do preso cujas correntes são o sinal da sua fidelidade ao Evangelho e do testemunho dado ao Ressuscitado.
As cadeias são certamente uma prova humilhante para o Apóstolo, que o mundo vê como um «malfeitor» (2 Tm 2, 9). Mas o seu amor por Cristo é tão forte que também estas cadeias são lidas com os olhos da fé; fé que para Paulo não é «uma teoria, uma opinião sobre Deus e o mundo», mas «o impacto do amor de Deus no seu coração [...] é o amor a Jesus Cristo» (Bento XVI, Homilia por ocasião do Ano Paulino, 28 de junho de 2008).
Queridos irmãos e irmãs, Paulo ensina-nos a perseverança na provação e a capacidade de ler tudo com os olhos da fé. Hoje pedimos ao Senhor, por intercessão do Apóstolo, que reavive a nossa fé e nos ajude a ser fiéis até ao fim à nossa vocação de cristãos, discípulos do Senhor, missionários.
Papa Francisco
Audiência Geral 11.12.2019

Encontro de Adolescente com Cristo (EAC)

A Paróquia São Miguel e Amas, em Guanhães/MG, iniciou hoje os trabalhos do EAC.
Os adolescentes se reuniram, e tudo aconteceu com serenidades, momentos de oração e reflexão, partilhas da mesma, trabalhos em grupo; cujo conteudo foi a vivencia no EAC, no 2019.
E por fim, apresentação de propostas de espiritualidade para o novo ano.
Cada grupo apresentou suas propostas e todos assistiram a um vídeo com mensagem de bençãos, enviado pelo bispo diocesano, Dom Otacílio Ferreira de Lacerda.
O momento foi bastante discontraido e encerrou-se com lanche e partilha.

Informações e fotos, Renato Coelho.
(Com alterações)



























5 de fevereiro de 2020

Os textos bíblicos nas Celebrações

“Cristo está sempre presente em sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas”, afirma o documento conciliar Sacrosanctum Concilium sobre liturgia. E, depois de ter afirmado sua presença no “sacrifício eucarístico” e, “sobretudo, nas espécies eucarísticas”, afirma: “Está presente na sua Palavra, pois é Cristo que fala quando se proclama na Igreja a Sagrada Escritura” (SC, n. 7).
Outras expressões do mesmo teor se encontram no documento conciliar: “É de suma importância a Sagrada Escritura nas celebrações litúrgicas”. Por isso, “é preciso fomentar aquele amor suave e forte pela sagrada Escritura testemunhado pela venerável tradição dos ritos” (SC, n. 24).
O documento recorda que “na liturgia, Deus fala ao seu povo e Cristo, ainda hoje, anuncia seu Evangelho” (SC, n. 33). Logo, uma consequência que não tem só uma finalidade litúrgica, e que recupera séculos de história, colocando a Palavra, na liturgia, em seu devido lugar, na fidelidade à antiga praxe eclesial: “nas celebrações litúrgicas, sejam feitas leituras das Sagradas Escrituras com mais abundância, maior variedade e mais adaptações às ocasiões” (SC, n. 61,1).
Essas essenciais orientações dadas pelo Concílio encontraram bela e rica resposta nos anos sucessivos quando, depois de ampla discussão, a Igreja adotou a leitura da Palavra com um ciclo trienal, aos domingos e festas, e bienal – da primeira leitura – nos dias da semana. Passamos, deste modo, de três por cento do Antigo Testamento proclamado antes da Reforma, a 24 por cento do Lecionário atual e, do Novo Testamento, agora escutamos 70 por cento, antes era vinte e um por cento.
Sobretudo, tomamos consciência de que a celebração litúrgica é “o âmbito privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida”, como escreveu o Papa Bento XVI, na maravilhosa exortação apostólica Verbum Domini (2010). Ele recordava que “a celebração litúrgica se torna uma contínua, plena e eficaz proclamação da Palavra de Deus” (VD, n. 52, citando a Instrução Geral das Leituras da Missa).
Papa Bento vai ainda mais para lá e abriu um amplo horizonte à proclamação da Palavra de Deus na liturgia, quando observou que “para a compreensão da Palavra de Deus é necessário entender e viver o valor essencial da ação litúrgica”... O referencial para uma compreensão mais plena da Sagrada Escritura é “a liturgia, onde a Palavra de Deus é celebrada como palavra atual e viva”. Para concluir, o Papa exortava os pastores e todos os agentes de pastorais “a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia”.
Estas poucas palavras são suficientes para compreender como a nossa Igreja se coloca, hoje, diante da Palavra. O outro grande documento conciliar sobre a Palavra: Dei Verbum, em abertura, afirmava que o Concílio se propôs “expor a genuína doutrina sobre a revelação divina e a sua transmissão, para que o mundo todo, ao ouvir o anúncio da salvação, creia, crendo espere e esperando ame” (DV, n. 1).
É meu desejo que, neste mês da Bíblia, todo discípulo do Senhor Jesus, com sua comunidade eclesial possa dar passos na compreensão, acolhida e vivência desses votos dos documentos da nossa Igreja.
Dom Armando Bucciol
bispo de Livramento de Nossa Senhora-BA
Membro da Comissão Bíblico-Catequética nacional

Eucaristia Diária

Todas as vidas reentram na imagem diária, quase banal, do pão é partido e repartido. Porque as vidas são coisas semeadas, que crescem, amadurecem, são colhidas, trituradas, amassadas: são como o pão.
Porque não apenas nós saboreamos e consumimos o mundo: dentro de nós damo-nos conta que também o mundo, o tempo, nos consome, esboroa, devora. Por boas e por más razões, ninguém permanece inteiro.
Somos uma massa que se rasga, um miolo que se desfaz, uma espessura que se reduz, um alimento que é distribuído. A questão é saber com que consciência, com que sentido, com que intensidade vivemos este processo inevitável.
Todos nos consumimos, é certo. Mas em que comércios? Todos nos damos conta de que a vida se divide e subdivide. Mas como tornar este facto que por si é trágico, numa forma de afirmação fecunda e plena da própria vida?
Para nós, cristãos, a Eucaristia é o lugar vital da decisão sobre o que fazer da nossa vida. Porque todas as vidas são pão, mas nem todas são “eucaristizadas”, ou seja, configuradas em Cristo e assumidas, no seu seguimento, como entrega radical de si, oferta, dom vivo, serviço de amor incondicional.
Todas as vidas chegam a uma conclusão, mas nem todas chegam à conclusão do parto desta condição crística que trazem inscritas dentro de si. É destas coisas que a Eucaristia diariamente nos fala quando nos recorda: «Fazei isto em memória de mim».
Cardeal José Tolentino Calaça de Mendonça 
In Avvenire 
Trad.: Rui Jorge Martins 
Publicado em 17.07.2019 no SNPC

Lançamento na Catequese: "Casa da Iniciação Cristã - Ritos e Celebrações".

Muito se tem insistido, nos últimos tempos, em promover a unidade fundamental entre catequese e liturgia no processo de Iniciação à Vida Cristã. Trata-se de recuperar o sentido original da transmissão da fé como faziam as comunidades cristãs primitivas. Os primeiros cristãos compreendiam o significado de professar a mesma fé que os apóstolos ensinavam, participando da celebração dos mistérios de Cristo na sagrada liturgia. Participar da vida litúrgica é condição indispensável para alguém ser iniciado na vida em Cristo. Os sacramentos celebrados realizam a configuração do cristão ao seu Senhor.

Pela escuta da Palavra, pela prece comunitária e pela Eucaristia, crescem a comunhão da pessoa com Deus e a dos membros da única família de Cristo entre si. Essa riqueza precisa, cada vez mais, ser compreendida e valorizada por nós.

Para favorecer a unidade entre catequese e liturgia, oferecemos este subsídio litúrgico-catequético que reúne os ritos, as entregas e as celebrações na formação para o Batismo, a Crisma e a Eucaristia de crianças, jovens e adultos que seguem o roteiro da Coleção Casa da Iniciação Cristã. Ele pretende auxiliar quem preside as celebrações, as equipes de liturgia, os catequistas e a comunidade cristã para bem- -celebrar. Os ritos estão contidos nos diversos livros da coleção e, aqui, dispostos para servir também de Livro do Altar, para uso durante a celebração litúrgica.

Que saibamos acolher o que ensina São João Crisóstomo: “Se é verdade que tu podes rezar em casa, não te será, porém, possível rezar do mesmo modo como se reza na assembleia.”

Autor: Dom Leomar Antônio Brustolin - bispo auxiliar de Porto Alegre (RS).

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ENTENDA COMO É  MATERIAL A PARTIR DO ESBOÇO ABAIXO:
 • Sumário
• Apresentação
BATISMO
• Acolhida do batizando na comunidade
• Batismo de criança na missa
• Batismo de criança fora da missa
• Aniversário de batismo
EUCARISTIA I
• Início do ano catequético
• Entrega da Palavra de Deus
• Entrega do Rosário
• Entrega do Pai-nosso
• Entrega do Mandamento do Amor
• Encerramento da etapa e renovação das promessas do batismo
• Encerramento da etapa,
• Batismo das crianças que estão na catequese e renovação das promessas do batismo

EUCARISTIA II
• Entrega do Creio
• Sacramento da Penitência – primeira confissão
• Primeira Comunhão Eucarística
CRISMA I
• Entrega do escapulário
• Celebração penitencial
• Encerramento e entrega da Cruz
CRISMA II
• Rito do sinal-da-cruz
• Rito da purificação
• Rito da iluminação
• Rito da libertação
• Celebração da penitência
• Celebração da crisma
ADULTOS
• Entrada no catecumenato
• Entrega do pai-nosso aos adultos
• Entrega do creio aos adultos
• Rito de eleição e inscrição do nome
• Primeiro escrutínio – 3º domingo da quaresma
• Segundo escrutínio – 4º domingo da quaresma
• Terceiro escrutínio – 5º domingo da quaresma
• Celebração penitencial 120
• Celebração dos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Eucaristia dos catecúmenos na vigília Pascal
• Celebração dos sacramentos da crisma e da Eucaristia de adultos
• Envio missionário e entrega da cruz

• Celebração de envio de catequistas 


Para melhor compreensão do material, clique:  https://www.paulinas.com.br/pub/media/livros_degustacao/533777.pdf

4 de fevereiro de 2020

Conversando sobre liturgia - II


Os dias litúrgicos

No artigo anterior, falávamos sobre o Ano litúrgico de modo geral e a diferença entre o Ano Litúrgico e o Ano Civil. Nesse novo artigo, queremos ressaltar os dias consagrados a Deus, dentro da dinâmica do Ano Litúrgico.
No decorrer do Ano litúrgico a Santa Igreja, a cada dia, comemora-se a obra salvífica de Jesus Cristo, nossa Páscoa. Cada semana, no dia chamado “Domingo”, ou “Dia do Senhor”, recordamos a Ressurreição de Cristo, que se celebra também uma vez por ano, com a bem aventurada Paixão, na solenidade máxima da Páscoa.
O Ano Litúrgico é formado por diversos tempos, a saber: Tempo do Advento, Tempo do Natal, Tempo Comum, Tempo da Quaresma, (Tríduo Pascal - Coração do Ano Litúrgico), e Tempo Pascal. Dentro desses tempos, temos as Solenidades, Memórias Obrigatórias, Memórias Facultativas, os Santos, os fiéis Falecidos e outras celebrações para diversas circunstâncias.
Mas a pergunta é: O que é, e quais são os dias litúrgicos?
A Igreja, na verdade nos ensina que todos os dias, são santificados pela celebração litúrgica do povo de Deus, principalmente pelo sacrifício Eucarístico e pelo Ofício Divino. O Domingo, primeiro dia de cada semana, por tradição dos apóstolos, que tem origem no próprio dia da Ressurreição de Jesus, celebra o mistério pascal. Por isso, é o dia principal, de cada semana, dia festa; é o dia em celebramos nossa pascoa semanal.
O Domingo tem a excelência, e só sede espaço para algumas celebrações, como solenidades, e festas dedicadas ao Senhor. Contudo, os domingos do Advento, Quaresma e da Páscoa gozam dessa precedência, sobre as outras festas e solenidades. Algumas festas e solenidades que ocorrem nesse tempo, são antecipadas, outras pela importância para a igreja são mantidas no dia próprio, com ofício próprio. Por exemplo, (Imaculada Conceição no Tempo Advento, São José, no tempo da Quaresma), já a (Solenidade da Anunciação do Senhor no Tempo da Quaresma), por exemplo; é transferida ou caso contrário, por determinação da conferência episcopal de cada país, segue outro cronograma.  Mas o Domingo exclui por natureza a fixação definitiva de qualquer outra celebração. A precedência é do domingo.
As solenidades, festas e memórias, também tem sua organização de precedência. Celebrando o mistério de Cristo, a Igreja, venera com particular amor, a Virgem Maria, e propõe aos fiéis as memórias dos mártires e outros Santos. Os santos de importância universal são celebrados em toda a igreja, são celebrações chamadas de “Memória Obrigatória”, os outros santos, são celebrados de acordo com a designação de cada país, continente ou igreja local, ficando facultativo (opcional) em outras regiões ou países.
As celebrações caracterizadas “Solenidades”, são de primeiro grau na igreja e são enriquecidas por Primeiras Vésperas na Liturgia das Horas, algumas, ainda, tem até uma vigília e missa vespertina, como é o caso do Natal, Pentecostes, Assunção. Há ainda algumas que carregam em si características bem particulares, como é o caso das duas maiores solenidades do Ano Litúrgico, Páscoa e Natal, seguem por uma oitava. Celebra-se oito dias como se fosse um único dia, e seguem leis próprias no calendário litúrgico.
Há um costume de celebrar Nossa Senhora, constantemente. Sendo assim, nos Sábados do Tempo Comum, não tendo solenidade ou celebração obrigatória, pode-se celebrar a memória facultativa da Santa Virgem Maria. O sábado por tradição é dedicado a ela. Já os dias de semana, seguem o domingo e são celebrados segundo a sua importância própria.
A Quarta Feira de Cinzas, e os dias da Semana Santa, de segunda a quinta, tem a preferência. Os dias de semana do advento de 17 a 24 de dezembro, inclusive os dias de semana da Quaresma tem preferência e são memórias obrigatórias.
Como conclusão podemos ficar assim, entendidos, que todos os dias são litúrgicos, cada dia com sua celebração; santificando assim, o povo de Deus, e o conduzindo à páscoa plena, a partir da caminhada na páscoa semanal, plenificada no dia do Senhor, o Domingo.
Michel Hoguinele
hoguinelle@hotmail.com

Conversando sobre liturgia - I



O que é o Ano Litúrgico, e o Ano Civil?
Queremos apropriarmos desse espaço, “Conversando sobre Liturgia”, para abordarmos uma série de assuntos, a respeito da mesma. Nessa primeira reflexão, iniciamos escrevendo sobre o Ano Litúrgico da Igreja Católica, no rito romano, e o seu verdadeiro sentido para a Igreja. Também de forma bem suscinta, falaremos da diferença entre Ano Litúrgico e o Ano Civil.
Conhecemos bem o Ano Civil, com nosso calendário gregoriano, que se inicia em 1º de janeiro e finda em 31 de dezembro, dividido em dois semestres.
O Ano Civil nos traz uma ideia de círculo, ou podemos até dizer, que ele é circular e cíclico, ou seja, repete-se constantemente em suas datas. Vai marcando a história da humanidade, sua evolução e progresso; lutas, fracassos e conquistas. E dentro dessa história circular, o ser humano vai preenchendo-se, e desgastando-se, geração após geração.
Queiramos ou não, o tempo civil é inexorável, faz avançar a história à custa do envelhecimento e do desgaste, e encomenda o fim dos seres humanos, cuja maioria passa por ele, no anonimato.
O Ano Litúrgico, não se identifica com o Ano Civil, nem a ele submete-se. Corre paralelamente a ele, ao determinar todas as celebrações litúrgicas, mas não coincide com suas datas. Tem um sentido diverso e um ritmo próprio, como se o Ano Civil servisse apenas de pista para o Ano Litúrgico.
De fato, o Ano Litúrgico é uma intervenção de Deus dentro da história humana. Relembra tudo o que Deus já realizou por nós, pela salvação, e atualiza essas ações de Deus em favor de cada geração. Mais do que construir uma história própria, o Ano Litúrgico marca o tempo próprio de Deus dentro da história da humanidade, sempre em busca do ser humano, para salvá-lo da destruição inevitável que o tempo civil lhe causa. Por isso, a melhor imagem para entender o Ano Litúrgico, não é o círculo repetitivo, mas a espiral ascendente, que jamais repete o mesmo círculo.
Uma espiral salvífica que parte do Alfa da criação e vai girando para o alto em direção ao Ômega da nova criação em Cristo Ressuscitado. Assim, Deus nos salva dentro de nossa história e nos salva da nossa história, daquilo que ela traz de degeneração e morte.
O Ano Litúrgico é essa espiral ascendente de salvação, que liberta o ser humano de seu destino fatídico e o leva em direção à comunhão com a vida divina e eterna. Por isso, cada Ano Litúrgico, mesmo celebrando as mesmas datas, atualiza uma nova intervenção da graça redentora da Santíssima Trindade em favor do seu povo caminhante.
O início do Ano Litúrgico não é o 1º de janeiro, mas no 1º Domingo do Advento, que nunca cai na mesma data do Ano Civil. E se encerra na Festa de Cristo Rei no 34º Domingo do Tempo Comum, anterior ao Primeiro Domingo do Advento.
No próximo artigo falaremos da estrutura do ano litúrgico e como ele é desenvolvido.

Michel Hoguinele
hoguinelle@hotmail.com

A centralidade da Palavra de Deus (III)

A memória educa e forma a fé. A pessoa humana que responde ao chamado divino, que se sente vocacionada a conhecer e participar do mistério de Deus, coloca-se em atitude de diálogo, de comunicação. A fé será sempre uma disposição interior de resposta aos inúmeros chamados que Deus faz aos homens e mulheres de todos os tempos e lugares.
A solidez da fé depende de recordações, narrativas e celebrações dos fatos vividos e partilhados, que marcam a presença divina no cotidiano da vida. É por este motivo que a Bíblia é o livro por excelência da catequese. Nela estão contidos os fatos e obras que Deus realizou em favor do povo.
Por meio das narrativas bíblicas, que contam histórias de homens e mulheres de fé, podemos conhecer a História da Salvação. E, conhecendo o projeto de vida plena desejado por Deus, a catequese tem a função de fundamentar a fé explicitando que “o conjunto das obras realizadas por Deus ao longo da História da Salvação, com as obras e mensagens dos profetas, é Revelação de Deus, que em Jesus Cristo, em sua vida e palavra não só alcança o mais elevado grau, mas se constitui no critério absoluto da interpretação da história salvífica anterior” (Diretório Nacional de Catequese, 23).
A respeito da História da Salvação e da centralidade da Palavra de Deus, o Diretório Nacional de Catequese instrui que “a formação propriamente catecumenal, conforme a mais antiga tradição, realiza-se através da narração das experiências de Deus, particularmente da História da salvação mediante a catequese bíblica” (Diretório Nacional de Catequese, 47).
Com o fomento das reflexões sobre a catequese de inspiração catecumenal, é muito importante que os grupos de catequistas paroquiais, com apoio e iniciativas das coordenações e comissões responsáveis, invistam em sua formação bíblica para que, no ato catequético de educação da fé, possam despertar o coração humano para o encontro pessoal com Deus ao longo da vida pessoal e da história coletiva. 
Eis o desafio de uma catequese centrada no conteúdo e com finalidade unicamente nos sacramentos que deseja renovar seus paradigmas e evoluir para a catequese de inspiração catecumenal, que tem por objetivo formar discípulos missionários de Jesus Cristo, a partir dos ensinamentos das narrativas bíblicas. Isto é, “a catequese não prepara para este ou aquele sacramento. O sacramento é uma consequência de uma adesão à proposta do Reino, vivida na Igreja” (Diretório Nacional de Catequese, 50). 
Sendo assim, podemos considerar que a fé é um produto de imagens, fatos e narrativas que fazem homens e mulheres, de todos os tempos e lugares, serem capazes de cultivar (no ato de prestar culto)  a amizade com Deus, origem e destino da vida. A catequese de inspiração catecumenal age como modeladora da fé, para que as pessoas sejam capazes de responder com generosidade ao convite do Criador de realizarem o projeto do Reino no agora de suas vidas. 
Como a catequese de inspiração catecumenal pode fazer memória da fé ao longo da história?
De modo genérico e bastante sucinto, com objetivo estritamente catequético, seguem cinco etapas da História da Salvação que merecem dedicação e estudo posteriores. Aqui, servem de pistas e suporte para o aprofundamento da formação bíblica de catequistas, em suas comunidades locais, paroquiais e diocesana.
1.A Criação. A História da Salvação se fundamenta no ato generoso e amoroso de Deus que cria o mundo e, com amor paterno, deixa preparado o ninho no qual abriga, alimenta, afaga e vê crescer seus filhos e filhas. O mundo é bom. É fruto do amor divino. Muito embora os homens e mulheres, mergulhados no egoísmo e no imediatismo, prolongam a ação do pecado até nossos dias, a catequese tem seu início no anúncio do amor de Deus que está no início de todas as coisas.
2.A Promessa e a Aliança. A História da Salvação continua na preparação para a vinda do Messias (o Enviado). Esta preparação conta com a promessa de terra, descendência e paz para o povo eleito. Por muito tempo, peregrino nos desertos da mesquinhez humana, Deus mesmo renova sua promessa por meio de alianças com Patriarcas e Matriarcas, Juízes, Reis e Rainhas, Profetas e Profetizas. A História da Salvação conta com a ação de homens e mulheres que sempre alimentaram a memória de um Deus bom, generoso e zeloso com a vida.
3.A Encarnação. A realização da promessa de Deus se concretiza em Jesus de Nazaré, homem da Galileia, educado nas Sinagogas. O Emanuel (Deus conosco) e a sua vida, gestos e ensinamentos correspondem ao centro da História da Salvação. Com os olhos fixos em Jesus Cristo é possível interpretar e entender a vontade de Deus nos tempos anteriores à Encarnação. Do mesmo modo, a partir de Jesus Cristo, homens e mulheres encontram a referência e modelo para pautar suas vidas.
4.A Comunidade. A História da Salvação tem continuidade no núcleo da fé de uma pequena comunidade que alimentou a coragem e a memória de seguirem o Crucificado-Ressuscitado. A Comunidade corresponde à Igreja (eclesiologia) que tem a missão de anunciar o Evangelho (evangelizar) e continuar a obra de salvação divina por meio de sinais visíveis (sacramentos). Os relatos bíblicos dão o tom e as características de como as comunidades se organizaram para que a memória da fé na ressurreição chegasse aos nossos dias.
5.A Esperança. O destino da História da Salvação encaminha os cristãos para uma expectativa comum, envolvida de esperança: a Parusia (a manifestação gloriosa do Cristo Senhor). A escatologia (as últimas realidades) cristã ensina que a fé nos conduz para uma realidade de consolo, conversão e maturidade, tendo como referência o amor de Cristo como medida para o nosso amor cotidiano, o que vem a ser a condição para os batizados ingressarem no abraço misericordioso do Pai, Senhor da vida, o Criador.
Em vista disso, a catequese de inspiração catecumenal tem ainda um bom trajeto de estudos e formação para conseguir alcançar o desafio de converter as atuais estruturas de “cursos” para os sacramentos para o “percurso” de aderir ao chamado e seguir de perto o jeito de ser e agir de Jesus Cristo. 
As narrativas para explicitar a fé estão na Palavra de Deus. O sabor do seguimento missionário é reservado à Liturgia. Dela bebemos e comemos para que não pereça nossa memória de filhos e filhas de Deus.
Ariél Philippi Machado

A Centralidade da Palavra de Deus (II)

A experiência de encontro do ser humano com o amor de Deus é o fio condutor de toda a Bíblia. Mesmo com as tantas imagens de Deus que foram reveladas no Antigo Testamento, a plenitude do modo de Deus agir é conhecida na pessoa de Jesus Cristo. Seu jeito de acolher, conversar e dar novo sentido às situações concretas das pessoas de seu tempo é, para nós, o desafio a ser encarado em nossas atividades pastorais para que novamente o Senhor encontre e revele para nós a sua face amorosa.
A Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada em 2017, aprovou o Documento 107, cujo tema e reflexão se dá em torno da Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários. Deste documento, tiramos uma inspiração para o presente diálogo: “O evangelho não mudou, mas mudaram os interlocutores. Mudaram os valores, os modelos, as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e das mulheres de hoje. Jesus nos convida a sair, a escutar, a servir, em um movimento de transformação missionária de nossa Igreja. Essa atitude exige estarmos atentos aos sinais dos tempos. O processo é de escuta e atenção aos clamores do povo” (CNBB, Doc. 107, 51). 
Estamos diante de um apelo: fazer da iniciação à vida cristã um modelo de atitude pastoral para revelar o amor de Deus narrado nas páginas dos evangelhos. Mas, de onde partir? Qual o nosso referencial teórico-prático? 
A Bíblia é o livro por excelência da catequese. A inspiração catecumenal recupera, com toda a força, a função pedagógica das Sagradas Escrituras como fonte de educação da fé. A catequese que tem como base e ponto de partida os textos bíblicos e a leitura orante como método de acesso, torna presente o mistério do amor de Deus, que zela por seu povo eleito e o defende.
Nosso referencial teórico, portanto, é a centralidade da Palavra de Deus, presente em nossas escolas de formação, orações de conselhos, pastorais e movimentos, inspiração de nossas ações pastorais e promoções paroquiais. E como referência prática, a Bíblia nos ensina que a educação da fé é fruto de uma narrativa, de geração em geração, que faz superar modelos de catequese embasados unicamente na doutrinação e memorização. 
A fé é fruto de uma memória histórica do amor de Deus em favor de seu povo. 
Nas palavras de Dom Clóvis Frainer: “Este é o sentido da Bíblia: a ação de Deus vem continuamente manifesta num crescendo maravilhoso até a perfeição absoluta e total da obra no término glorioso da História da Salvação. [...] é uma história de amor, onde Deus trabalha pedagógica e ordenadamente. [...] O ponto central de coesão e movimentação de toda a História da Salvação é o Cristo-Evento. É ele o maior acontecimento de toda a história. Por isso, qualquer página da Bíblia ou qualquer fato devem ser atingidos pelo clarão dessa ‘luz verdadeira, que, vinda ao mundo, ilumina todo homem’ (Jo 1,9) (FRAINER, 1977, p. 19). 
Para nossa ação evangelizadora, ficam estes três elementos de propositivos para a busca da centralidade da Palavra de Deus:
  1. a) a escuta e atenção aos clamores do povo: disponibilidade e sensibilidade do Espírito de Deus, que nos educa, nos defende e nos recorda e nos recorda todas as coisas (Jo 14,23);
  2. b) a leitura orante da Palavra: método para alimentar nossa espiritualidade bíblica e nossa intimidade com as narrativas onde Deus se mostra presente, favorável e disposto a nos falar ao coração (Os 2,16);
  3. c) a centralidade da Bíblia nos encontros e na catequese: coragem e vontade de superar a catequese de destino sacramentalista para uma nova atitude de encantar-se e testemunhar o encantamento pelo Deus da vida, que encontra nossa miséria e faz novas todas as coisas (Ap 21,5).
Folheando os textos bíblicos, entraremos em contato com diversos modelos de catequese narrativa, um elemento rico de significado para a transmissão da fé, a ser redescoberto em nossas estratégias de catequese.
A memória educa e forma a fé. 
Ariél Philippi Machado