São Carlos Borromeo, Padroeiro dos Catequistas aí, meu povo!
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Que tal conhecer a história de um santo que foi cardeal
antes de ser sacerdote, que estudou no ritmo do The Flash para ser padre e que,
sendo rico, se fez pobre por amor aos necessitados? É o que veremos hoje.
São Carlos nasceu em 2 de outubro de 1538, na cidade de
Arona, uma bela cidade do Piemonte. Era filho do conde Gilberto II Borromeo e
de Margarita Médici – um casal de ascendência nobre. Antes que alguém pergunte:
sim, ele era parente “daqueles” Médici, aqueles mesmos que foram responsáveis,
na Renascença, pela eleição de uma série de Papas insensatos.
O conde Guilherme e sua esposa não eram metidos a besta e
nem tampouco eram cruéis com seus súditos. Muito pelo contrário: embora ricos,
eram pessoas boníssimas de que deram ao pequeno Carlos as primeiras impressões
de como deve ser a vida na fé cristã. O conde Guilherme rezava todos os dias a
liturgia das horas, e sua esposa era devota profunda de Nossa Senhora. Quando
Carlos completou nove anos de idade, Deus chamou a mãe do menino para junto de
si.
São Carlos aprendeu a ler muito cedo e, após a morte da mãe,
passou a se dedicar com afinco às leituras. Sim, ele era uma espécie de “nerd”
renascentista.
Aos 12 anos foi enviado ao monastério beneditino de Arona e
herdou de um tio, na mesma época, o usufruto da Abadia de São Graciano, o que
lhe garantiria emolumentos. Só que a ele não interessava dinheiro, e investiu
tudo na assistência aos pobres e nas obras de caridade.
Partiu de Arona para Milão para continuar seus estudos. Em
1552, aos 16 anos, entrou na Universidade de Pavia. Seis anos depois, São
Carlos recebeu a triste notícia de que seu pai havia partido ao encontro do
Criador. Aos 21 anos, em 1559, o santo recebeu seu doutorado – isso mesmo que
você leu, DOUTORADO – em Direito Civil e Canônico. Nesse ano mesmo, seu tio por
parte de mãe, João Angelo Médici, calçou as sandálias do Pescador e adotou o
nome de Pio IV. Falaremos mais desse período na sequência dos posts sobre a
vida dos Papas e das heresias do monge maluco-mamulengo de Eisleben (por hora,
podemos dizer que o mundo católico do século XIV vivia o rescaldo dos estragos
deixados pelos papas insensatos da Renascença).
Borromeo São Carlos foi chamado para a cúria por seu tio, o
Papa, e foi nomeado Secretário de Estado do Vaticano. Ao ver tanto poder nas
mãos de um “moleque” de 21 anos de idade, vocês devem imaginar, muita gente
ficou quicando. Se tiver algum comuna lendo esse post, vai começar a gritar:
NEPOTISMO, NEPOTISMO! Calma aí! Vamos
aos fatos:
1) Ficou bem claro que São Carlos era um gênio;
2) A santidade é uma coisa que salta aos olhos, o brilho dos
santos ofusca e tem força para amolecer
o mais duro coração;
3) O garoto tinha o melhor currículo. E por que, cáspide, o
papa ia dispensar o melhor para o cargo, por conta da frescura de meia dúzia de
proto-comunas?
Além de santo, São Carlos é um personagem fundamental para a
transformação da Santa Igreja depois dos períodos negros de Avignon e da
Renascença. Fabuloso administrador, após apenas um ano em Roma, foi elevado à
dignidade de cardeal, mesmo sem ser sacerdote. Pouco depois, foi nomeado
arcebispo de Milão, com residência obrigatória em Roma.
Parecia muito bom, mas São Carlos se sentia infeliz. Sua
índole bondosa e sua vontade de auxiliar os mais necessitados o faziam
sentir-se mal com o fausto e a pompa das dignidades eclesiásticas. Pensou
seriamente em renunciar, chutar o balde mesmo. Não o fez porque convenceu-o do
contrário o bem-aventurado Bartolomeu Fernandes dos Mártires, Arcebispo de
Braga, com quem Carlos veio a travar uma grande amizade.
São Carlos é um grande exemplo do bem que se pode fazer
quando se é guiado pela sabedoria do Espírito Santo. Se hoje existem
seminários, agradeça a esse gigante. Foi ele quem fundou o Almo Collegio
Borromeo, o mais antigo colégio histórico de Pavia, que tinha o objetivo de
acolher estudantes dedicados, mas sem recursos financeiros.
Em meio a isso tudo, mais uma notícia triste chegou aos
ouvidos de São Carlos. Faleceu sem deixar herdeiros seu irmão mais velho,
Frederico, que era quem deveria ser o continuador do sangue da família
Borromeu. A primogenitura passou a São Carlos, que ainda não havia sido nomeado
sacerdote, portanto, todas riquezas dos Borromeu eram suas agora. Até o Papa
vez pressão para que Carlos voltasse a Arona e assumisse os negócios da família.
Só que não se manda um santo fazer o que o Espírito Santo diz para ele não
fazer.
São Carlos deu um jeito de “enrolar” todo mundo. Enquanto
dizia “peraí que já estou indo para Arona”, ele acelerou, estudando loucamente,
sua formação como sacerdote. Nesse meio termo, saiu distribuindo toda a sua
riqueza – fazendas, castelos e propriedades rurais – para os membros mais
humildes de sua família. E deu a todos uma condição: que financiassem e
mantivessem obras de assistência aos mais humildes e necessitados.
Essa, até aqui, foi a história de um bom rapaz muito rico. A
partir de agora, é a história de uma homem santo muito pobre. São Carlos passou
a viver uma vida ascética e dedicou muito tempo aos exercícios espirituais de
Santo Inácio de Loyola (esse livro era uma espécie de “Ei, garoto santo, comece
por aqui!”, já que um monte de santos da Renascença iniciaram seu apostolado
com ele nas mãos; vide São Felipe Néri).
Esse período foi fundamental para a fase seguinte da vida de
São Carlos: graças a seus conselhos, o Papa Pio IV retomou as discussões de
Trento, que haviam sido iniciadas em 1545, e interrompidas em 1552. Essa foi a
verdadeira reforma da Santa Igreja. São Carlos participou de importantes
iniciativas na retomada do Concílio como, por exemplo, a publicação da Atas, do
Catecismo Romano e da reforma do breviário. Esteve ao lado de São Carlos e o
ajudou a aplicar as reformas do clero um outro dos meus santos mais amados, o
mais risonho e feliz do mundo, de quem falei a pouco: São Felipe Néri.
São Carlos acreditava que não poderia ser um bom sacerdote
sem estar perto de suas ovelhas. Dessa forma, após a conclusão dos trabalhos do
Concílio de Trento em 1563, resolveu partir para sua arquidiocese, em Milão.
Não bastava deixar a Reforma no papel: São Carlos foi, pessoalmente, em todas
as Igrejas sobre sua responsabilidade. E olha que a arquidiocese de Milão não
era fácil não meus amigos: 15 dioceses e mais de mil paróquias.
São Carlos botou seus padres para fazer os exercícios
espirituais de Santo Inácio. Imaginem um espécie de sargento fuzileiro
espiritual botando os recrutas para fazer flexões. É mais ou menos por aí.
Fundou numerosos seminários, um colégio e 740 escolas de
catequese; foi também o fundador dos Oblatos de Santo Ambrósio e de uma
imprensa. Todo 0 seu dinheiro particular, seus rendimentos como Príncipe da
Igreja, ia para os necessitados e para sustentar suas obras de caridade, entre
elas: hospedagens de peregrinos, o orfanato Santa Sofia e o Lar Santa Catarina
(um lugar que evitava que as meninas caíssem na prostituição – sim isso existia
na Renascença já e é obra da Igreja, não de uma ONG safada).
O Refúgio Santa Maria Madalena, que acolhia prostitutas
arrependidas ou que não serviam mais para a “profissão”, também contava com o
apoio financeiro de São Carlos. Era a Igreja de Jesus cuidando das mães dos
seus detratores – como faz até hoje em muitos casos – já que esses não têm
tempo de fazê-lo porque estão falando mal… da Igreja. O santo também apoiava a
Congregação de Sant’Ana, que cuidava de viúvas e as protegia, e incentivou a
formação de uma associação de mulheres abandonadas ou maltratadas pelos
maridos.
Todos os dias eram distribuídas na diocese de Milão 3 mil
refeições para os necessitados durante a grande recessão econômica que assolou
a cidade entre 1569 e 1570. São Carlos não sentou no trono e ficou dando
ordens: foi para a linha de frente e arregaçou as mangas. Só comia pão e água e
praticava a autoflagelação; por conta disso, levou um pito do Papa Pio V, que
temia por sua saúde. Mas o pior estava
por vir.
Em 1576, Milão foi assolada pela peste. Todas as dedicadas e
corajosas lideranças civis – esses “abnegados”, “preocupadíssimos” com a
situação da população – trataram de sair fora. Foi um ano e meio de inferno na
Terra, e São Carlos não se abateu um minuto sequer. Ele não adoeceu, mas
trabalhou, jejuou e se flagelou tanto que comprometeu muito a própria saúde.
Ele jamais deixou de acreditar na Divina Misericórdia, e depois que essa
atribulação passou, o nobre santo mandou rezar uma série de missas de ação de
graças.
São Carlos é um dos meus heróis também pelo fato de que ele,
em 1579, proibiu a prolongação das festividades de carnaval em Milão. Amo esse
homem tanto quanto detesto carnaval. Podem crer que é muita coisa.
Sua dedicação à atividade cultural o consumiu. Passou a
sofrer acessos de febre, provavelmente seu corpo debilitado foi presa fácil da
malária. Na madrugada de 4 de abril de 1583, São Carlos recebeu seus últimos
sacramentos e proferiu essas palavras: “Eis Senhor, eu venho, vou já!”.
Urna com o corpo de São Carlo, na Catedral de Milão.
O Santo dos Catequistas
São Carlos era um homem de inteligência fantástica. Pela sua
dedicação aos estudos, é o padroeiro dos estudantes (não confundir com São José
de Cupertino, que é o padroeiro dos estudantes EM APUROS, nem com São Jorge,
que foi adotado como Padroeiro dos NERDS). Por sua vocação na educação, São
Carlos é o padroeiro dos seminaristas, catequistas, bispos e diretores
espirituais.
São Carlos Borromeo, rogai por nós!!!!!
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