"...Toda ação pastoral é certamente evangelizadora. Há,
porém, áreas de sombra em que se pode perceber que nossa ação se perde e se
anula, por não centrar-se no mistério. Se “o agir segue o ser”, como diz um
antigo provérbio, nossa ação pastoral deve corresponder ao nosso ser cristão,
nosso ministério deve provir do mistério divino do qual participamos.
Um critério para se saber se
nossa prática pastoral é verdadeiramente evangelizadora nos foi dado por Jesus
de Nazaré, em sua resposta aos dois discípulos de João Batista.
Então João chamou dois de seus
discípulos, e os mandou perguntar ao Senhor: “És tu aquele que há de vir, ou
devemos esperar outro?” Eles foram a Jesus, e disseram: “João Batista nos
mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar
outro?’” Nessa mesma hora, Jesus curou muitas pessoas de suas doenças, males e
espíritos maus, e fez muitos cegos recuperarem a vista. Depois respondeu:
“Voltem, e contem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos recuperam a
vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os
mortos ressuscitam, e a Boa Notícia é anunciada aos pobres. E feliz é aquele
que não se escandaliza por causa de mim!” (Lc 7,18-23)
Como se deduz do trecho
lucano, Jesus primeiro realizou obras de curas e expulsões de demônios, depois
mandou os enviados de João a contar-lhe o que haviam visto e ouvido:
obras de salvação, sobretudo em favor dos pobres. Esse deve ser o critério para
averiguar se nossa ação pastoral é evangelizadora, se o que fazemos é uma
boa-nova para os pobres.
Os sinais do anúncio e do
início do Reino de Deus, que podiam ser vistos e ouvidos na prática de Jesus de
Nazaré, eram muitos e diversificados: cura de doentes, expulsão de espíritos
malignos, convivência com marginalizados, acolhida e perdão aos pecadores,
predileção pelos pobres, satisfação da fome das multidões, participação em banquetes,
inclusão dos pobres nos banquetes festivos, ensino fácil por meio de parábolas,
denúncia profética de atitudes contrárias ao Reino, confronto com práticas
idolátricas dos chefes religiosos etc. A prática de Jesus não era uniforme e
isolada, mas multiforme, multidirecionada, partilhada com os discípulos e, até
mesmo, com as multidões. Mas, em toda a sua prática, em seu ministério
pastoral, Jesus era um homem centrado no mistério de Deus. O Pai era sua
bússola e referência, seu norte e pólo de sentido último. O ministério de Jesus
era consequente com seu mistério, sua ação derivava de seu ser e sua
interioridade era expliícita.
Minha resposta à
pergunta-título – “a prática pastoral hoje, evangeliza?” – estará centrada,
primeiramente, na advertência de que devemos buscar sempre o mais profundo de
nós mesmos: a santidade de vida, a graça de sermos amados por Deus, a beleza
simples da radicalidade evangélica, a quênose do mistério. Em seguida, mas
ainda na linha da pobreza quenótica..."
Em 2015, as aulas retornarão, com nova turma e no sábado 22/11/14 acontecerá a Celebração Eucarística em Ação de graças pela conclusão de mais uma turma e logo após a entrega dos certificados.
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